A vinte dias da viagem, Paulo Leão, 44 anos, só pode dizer que está a pensar apontar os dois carros que já estão garantidos nesta aventura à fronteira entre a Eslovénia e a Sérvia. Apesar de a organização estar muito mais estruturada do que na primeira viagem Famílias Como as Nossas, há um mês, a incerteza dos movimentos migratórios e das fronteiras que se fecham ditam que o trajeto se faça em cima do joelho.
Desta vez, Paulo junta-se a Ana Fernandes, uma “fazedora” de Guimarães, que se inscreveu no site da organização, disposta a guiar cerca de três mil quilómetros para levar o seu carro cheio de bens aos campos de refugiados na Europa de Leste e regressar com os cintos apertados a uma família.
Pelo meio, dispõem-se a trabalhar dois ou três dias junto da ONG Agra, que já contactaram, a fazerem um levantamento do que mais falta aos refugiados que acabam de chegar aos campos e a comprarem o que lhes disserem nas lojas das redondezas. É essencialmente para isso que abriu hoje uma campanha de crowdfounding – além de 500 euros para ajudar às despesas de cada carro que se meta a caminho.
Na volta, Paulo Leão (com o co-piloto David Franco) e Ana Fernandes (ao lado da sua irmã) querem trazer uma família para Portugal. “Apresentamos o El Dorado, mas nem sabem que ele existe. Agora já temos cá o Ali para nos dar credibilidade e atestar as nossas boas intenções”, conta Paulo, garantindo que a caravana partirá, com ou sem dinheiro angariado na campanha. “Temos à-vontade financeiro para suportar a viagem e custear a estadia e alimentação de uma família, durante o tempo que durar a sua integração”, garante.
Para já, só estão dois carros perfilados, mas é natural que até dia 16 de novembro, data da partida, apareçam mais. As malas vão cheias, com a ajuda da Mattel (600 brinquedos) e do atum Ramirez (18 caixas cheias de latas). E a viagem de regresso, com famílias como as deles no carro, será mais tranquila, pois já trataram de garantir apoio jurídico em cada país por onde passam.