Sonham, podem e fazem

Foto: Gonçalo Rosa da Silva

Catarina Portas e Mário Ferreira à conversa com a VISÃO. Os dois empresários falam sobre o futuro do turismo, os segredos de um negócio de sucesso e o valor da marca Portugal. Descubra o que têm em comum duas pessoas de personalidade aparentemente oposta

Catarina Portas deixou o jornalismo para se dedicar à reabilitação de marcas antigas, nas lojas A Vida Portuguesa. Mário Ferreira, dono da empresa de cruzeiros Douro Azul, tornou-se conhecido por ser o primeiro candidato a turista espacial português e pela participação no programa de televisão Shark Tank. Muito diferentes na personalidade, acabam por coincidir na estratégia de valorização do património histórico e cultural, que defendem para o país. E até em pormenores da vida pessoal.

VISÃO: Uma das vantagens que os turistas apontam, em Lisboa ou no Porto, é serem cidades baratas.

MF: Mas não têm de ser assim tão baratas para continuarem a sobreviver. Veneza é uma cidade supercara e veja se tem alguma dificuldade. Os hotéis estão sempre cheios.

CP: Eu não vejo problema em que a cidade se torne mais cara para os estrangeiros, para os turistas. Parece-me problemático é o momento em que o turismo torna a cidade demasiado cara para as pessoas que vivem nela. Porque aí estamos a descaracterizar a cidade. Podemos olhar para Veneza: quantos venezianos é que ainda lá moram?

MF: Existem cidades italianas já com esse problema. Isso tem a ver, também, com constrangimentos geográficos e Lisboa, por acaso, está a sofrer com isso. Agora, o Porto não tem problema nenhum, o coração antigo do Porto já estava vazio e assiste-se ao contrário: o turismo é que está a trazer as pessoas para dentro, porque a Baixa portuense estava cheia de escritórios e edifícios abandonados. A população foi saindo para a parte nova da cidade, as moradias chiques foram todas para a Foz e o Porto estava vazio, no centro.

CP: Acaba por ser paradoxal. Se não fosse a crise há três/quatro anos, os preços do imobiliário não teriam descido tanto. Muita gente teve de começar a lutar pela vida e, com pouco dinheiro, tornou-se possível montar qualquer coisa. Lisboa tem sido uma das grandes forças de atração de turistas e estrangeiros, que vêm para cá morar e montar negócios – artistas, publicitários.