“O professor Hawking não participará na conferência em Israel em junho por razões de saúde. Os médicos desaconselharam-no a viajar de avião”. Este foi o anúncio lançado pela Universidade de Cambridge, onde Hawking trabalha desde 1975.O jornal alemão Suddeutsche Zeitung foi o primeiro a apontar o anúncio como falso, considerando que se tratava de uma adesão ao boicote que se está a preparar.
Hawking sofre uma doença degenerativa do sistema nervoso há mais de 50 anos e, como tal, é obrigado a mover-se e a comunicar assistido por um sofisticado sistema técnico. Mas essa não é a verdadeira justificação pela recusa do físico. Hawking começou por aceitar participar e só depois disse que não, quando foi apelado pelos cientistas palestinianos.
Na carta enviada pelo físico para desmarcar a sua presença, fornecida pelo jornal Guardian, Hawking disse “aceitei o convite para a conferência presidencial esperando que isso me permitisse expressar a minha opinião sobre as perspectivas de um acordo de paz. No entanto, recebi uma série de e-mails de académicos palestinianos. Acham que eu deveria respeitar o boicote. Tendo isto em conta, tenho de retirar-me da conferência”.
A decisão do físico foi aclamada por várias organizações palestinianas. Ao aderir ao boicote académico e cultural a Israel, Stephen Hawking une-se a outras personalidades britânicas que recusaram convites para estarem presentes, como Elvis Costello, Brian Eno, Annie Lennox, Mike Leigh e Roger Waters, um dos fundadores dos extintos Pink Floyd.
Hawking é considerado um dos mais importantes físicos teóricos e cosmólogos do mundo e o seu nome foi silenciosamente retirado da lista de participantes no início desta semana, dando um grande impulso aos partidários de grupos palestinos.
O boicote é organizado e impulsionado pela BDS, sigla formada pelas iniciais das palavras boicote, desinvestimento e sanções [a Israel], e representa o movimento iniciado na Palestina em 2005 contra o país. Os palestinianos fizeram um apelo à população mundial para que boicotassem produtos de Israel, evitassem investir no país, retirassem os seus investimentos e pressionassem governos e órgãos internacionais a impor sanções ao país pelos crimes cometidos contra a população nativa.