“Há uma semana eu e o Nuno só estabelecemos uma coisa: a data de saída.”
Chamuças, pão pita com frango e legumes, couscous. Abdul Wahid encheu-nos os carros de comida deliciosa e bem embalada. Estamos na área de serviço de Vendas Novas. Saímos fora do horário por causa das muitas entrevistas feitas nos jardins frente ao Palácio de Belém, um êxito mediático, e Pedro Policarpo quebra o gelo com a ajuda de Abdul, que ficou em Lisboa a tratar do seu negócio de street food.
Estabelecida a data de saída, saímos mesmo, como já se percebeu. Seis carros – sete, a contar com o da equipa da SIC -, cada um com duas pessoas, um piloto e um co-piloto, um deles com quatro (o nosso, também já se percebeu). “Isto é muito bom!”, vai repetindo Nuno Félix, amigo de Pedro.
Não são os únicos amigos do grupo. Em princípio, pilotos e co-pilotos já se conheciam. A exceção será a do “carro de Aveiro” – Pedro Mourão Lapa e Vera nunca se tinham visto antes de se enfiaram num carro a caminho da Eslovénia.
Sim, Eslovénia. Quando há pouco zarpámos de Lisboa, o destino era a Croácia, talvez a Hungria. Agora, nesta mini-reunião improvisada no relvado junto à área de serviço, é Nuno quem fala pela primeira vez na Eslovénia. E ninguém parece ligar na alteração.
Próxima paragem: Madrid. É tudo o que importa, para já. Isso e conhecermos um pouco os nossos companheiros de viagem. Podíamos escrever “de aventura”, mas não há nada de aventuroso nisto de fazer 600 quilómetros a passo de caravana, quatro piscas no carro da frente, mais quatro do de trás. Pegue-se no final da palavra e peça-se uma viagem “venturosa”, isso sim, é o que todos desejamos. Que daqui a uma semana os carros regressem cheios de refugiados.
“Bom, vou partir o bolo”, diz o Nuno. “Deram-me este bolo com outras coisas para levarmos. Estava quente, acabado de fazer.” Os carros vão cheios de roupa, fraldas, mantas, comida, brinquedos e cadeirinhas de bebé. Só contamos trazer de volta as cadeirinhas, de preferência com crianças dentro. O bolo vai marchar agorinha mesmo. É um pão de ló de chocoloate. Sabe-nos ao melhor do mundo.
Então, até Madrid onde, dizem, vai estar um cartaz à nossa espera.