Por que razão o Papa propôs esta reunião?
Francisco foi bem explícito no voo de regresso do Panamá, onde decorreu a Jornada Mundial da Juventude: o objetivo é ajudar os bispos a entenderem claramente o que devem fazer quando há denúncias. Será assim uma espécie de catequese para presidentes das conferências episcopais. Em primeiro lugar, é preciso que tomem consciência da tragédia e do sofrimento vivido pelas vítimas. Só assim será possível depois surgir um forte sentido de responsabilidade por parte dos bispos, individualmente, e depois como um todo, tal como de toda a comunidade, isto é a igreja.
Quem participa no encontro?
Ao todo estarão no Vaticano perto de 200 pessoas. Além do Papa, estarão presentes os presidentes das conferências episcopais de todo o mundo (114, no total) e 14 líderes das Igrejas Católicas Orientais, entre outros. Portugal será representado por D. Manuel Clemente, Cardeal-Patriarca de Lisboa e presidente da Conferência Episcopal.
Como é que esta cimeira foi preparada?
O anúncio foi feito numa reunião do Conselho dos Cardeais em setembro. Dois meses depois, o Papa nomeou um comité organizador composto por 4 pessoas, que enviou uma carta a todos os participantes, acompanhada de um questionário sobre o tema. Além disso, cada participante deveria encontrar-se com alguma vítima/sobrevivente de abuso sexual por parte de membros do clero. Ao que a VISÃO apurou junto de fonte eclesiástica, D. Manuel Clemente falou com uma vítima, cujo testemunho irá apresentar.
Qual a ordem dos trabalhos?
Entre os momentos de oração que abrem e fecham o encontro, haverá apresentações com direito a perguntas, grupos de trabalho e, no fim, as conclusões do Papa.
Quais são os temas da reunião?
Cada um dos três dias tem um tema: Responsabilidade, Prestação de contas e Transparência, cada um deles articulado em três apresentações: sobre a figura do bispo e suas responsabilidades, sobre a relação dos bispos uns com os outros e sobre o seu relacionamento com a sociedade. Os apresentadores foram escolhidos tendo em conta a variedade de continentes e culturas.
Como é que as vítimas/sobreviventes serão ouvidos na reunião?
Como um dos objetivos da reunião é promover a consciencialização da necessidade contínua de ouvir as vítimas, além dos relatos recolhidos pelos bispos, haverá outros dois momentos que incluem depoimentos de vítimas/sobreviventes: um vídeo com cinco testemunhos, no início da reunião, e outro no período da oração da noite.
No fim do encontro, haverá algum documento final?
Não está previsto. Será a comunicação do Papa, após a liturgia de encerramento no domingo de manhã, que fará uma espécie de conclusão dos trabalhos. Depois, para dar continuidade à reflexão, haverá uma outra reunião do comité organizador com os representantes dos vários departamentos da Igreja no Vaticano para que as propostas dos participantes possam pôr-se em prática.