Para começar vale a pena fixar estes números. Um alimento para ser classificado com “baixo teor de açúcar” deve conter, no máximo, 5 gramas de açúcar por 100 gramas para os sólidos ou 2,5 gramas por 100 ml para os líquidos. Agora, um novo estudo realizado no Reino Unido vem alertar que os iogurtes infantis contêm quantidades chocantes de açúcar. A investigação feita na Universidade de Leeds, em novembro de 2016, analisou 921 produtos de cinco grandes supermercados on-line do Reino Unido, que representam 75% da fatia do mercado. Com os iogurtes divididos em oito categorias (crianças, alternativas de laticínios, sobremesa, bebidas, frutas, sabor, natural/grego e orgânico) e mesmo existindo boas evidências de que o iogurte possa ser benéfico para a saúde, os produtos no mercado variam amplamente no total de açúcares. Os resultados revelam que o valor médio para quase todas as categorias foi muito superior ao valor de referência “baixo teor de açúcar”, com uma média de 16,4g de açúcar por 100g para sobremesas e 10,8g/100g para alimentos infantis. Apenas 2% dos produtos infantis teriam recebido o selo verde indicando baixo teor de açúcar. No entanto, o iogurte natural ou grego atingiu a marca, com uma média de 5g de açúcar por 100g.
Embora o iogurte seja considerado um alimento saudável, fonte importante de nutrientes, incluindo cálcio, proteína e vitamina B12, e benefícios digestivos, os especialistas alertam que muitos dos produtos vendidos nos supermercados podem contribuir para a obesidade infantil, a cárie dentária e outros problemas de saúde devido ao seu alto teor de açúcar. A solução mais prática passa por evitar completamente os iogurtes açucarados e simplesmente adicionar fruta fresca ao iogurte natural. As crianças mais velhas poderão adicionar nozes ou granola, por exemplo.
Em 2016, a Public Health England (PHE), agência executiva do Departamento de Saúde e Assistência Social no Reino Unido, definiu a indústria alimentar como um alvo para reduzir o açúcar em 5% no primeiro ano e 20% em 2020. Em maio, a PHE revelou que a indústria não cumpriu as metas, embora a categoria de iogurtes tenha alcançado uma redução de seis por cento. “Se estamos a falar de produtos infantis, menos 5% de 10,8 [g de açúcar por 100g] são 10,2g/100g. Há espaço para a indústria fazer mais, e sei que estão a fazer, mas não é o suficiente”, disse Bernadette Moore, coordenadora da pesquisa, que confessou ter ficado “chocada e surpresa” com os níveis de açúcar revelados pelo estudo.
Situação em Portugal
Um estudo feito pelo Departamento de Alimentação e Nutrição do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge também encontrou níveis elevados de açúcar, numa análise centrada nos cereais para pequeno-almoço e iogurtes sólidos e líquidos. Foram analisados 167 iogurtes e apenas 22 sólidos cumpriam o que é aconselhado pelas autoridades de saúde e no caso dos líquidos nenhum cumpria esses valores. Para 2020, e seguindo as recomendações da Organização Mundial de Saúde, a Estratégia Integrada para a Promoção da Alimentação Saudável, quer “fazer com que o consumo diário de açúcar simples se aproxime de 50 g/dia”. É necessário reduzir para um quarto ou mesmo um quinto, em média, o açúcar em iogurtes e cereais.