Quando chega o mês de maio e abre a temporada para escalar o Monte Evereste cerca de 1 200 alpinistas avançam para uma “corrida” que desafia as capacidades humanas.
Chegar ao cume da montanha mais alta da Terra é o objetivo de qualquer alpinista experiente e o sonho de muitos amadores. É uma tarefa difícil e todos sabem que muitos não vão conseguir e outros podem, até, não sobreviver. Mas estão lá para tentar.
Se a vida está em perigo porque é que irão preocupar-se com um problema que parece mínimo: o que fazer com tanto cocó humano?
Ora vejamos: cada alpinista produz, durante a escalada que pode durar dois meses, uma média de 27kg de excrementos. Este ano, foram retirados do acampamento base e de outros locais que leavm ao cume 14 toneladas de lixo humano que foram, depois, levados para as fossas de um lago congelado (Gorak Shep) perto de uma aldeia que se encontra cinco mil metros acima do nível da água, segundo conta o The Washington Post. Caso não seja levada e mantida de forma correta esta matéria fecal pode passar anos a sujar o Evereste.
Foi por isso que Garry Porter, um engenheiro reformado e alpinista de coração, resolveu pensar na melhor formar de resolver o problema dos dejetos humanos.
“O Evereste é o sonho de uma vida para a maior parte dos alpinistas”, disse ao jornal americano. “Sempre tive a noção que a montanha merece melhor do que isto – e, como sou alpinista, tenho responsabilidade nisso e não posso andar por aí a dizer que a minha porcaria não cheira mal”, acrescentou.
A solução que propõe é simples. Um digestor de biogás ou biodigestor que torne os excrementos em algo mais útil, como a produção de fertilizante ou metano, um biogás que pode ser utilizado para cozinhar, por exemplo. Ou seja, um tanque largo que possa levar água, dejetos humanos e bactérias anaeróbicas para produzir fertilizante e gás metano para alimentar fogões.
O problema, aqui, teria a ver com as baixas temperaturas que se fazem sentir o Evereste. Seria necessário arranjar maneira de o tanque se manter quente. Então, criou uma espécie de estação de tratamento de esgoto numa garrafa térmica enorme – um biodigestor enterrado no chão e cercado por isolamento. Além, disso, seria preciso construir uma cabana por cima para manter tudo a uma temperatura agradável.
Garry Porter disse que já tem autorização das autoridades do Nepal para construir o biodigestor e está a recolher fundos para o fazer. O custo aproximado é de 430 mil euros.