O núcleo da Terra gera um campo magnético que atua como um “campo protetor” contra ventos solares e radiações capazes de danificar o planeta. Este campo estende-se durante milhares de quilómetros no espaço e o seu magnetismo afeta tudo o que se passa na Terra.
No início do ano, um grupo de cientistas anunciava, num relatório publicado pela plataforma Undark, que este campo tinha enfraquecido cerca de 15% ao longo dos últimos 200 anos e que isso podia ser sinal de que os polos magnéticos terrestres estariam prestes a inverter-se, com consequências graves para o planeta, que incluíam “correntes devastadoras de partículas do sol”, um maior número de raios ultravioleta-B graças a uma camada de ozono danificada pela radiação e até a inabitabilidade de algumas regiões da Terra.
Três meses depois, um novo estudo, publicado agora no Proceedings of the National Academy of Sciences tem outra versão dos acontecimentos, sob o título “O campo magnético da Terra provavelmente não está a inverter-se”.
Desde 1840, quando os cientistas começaram a fazer esta medição, a força do campo magnético da Terra tem estado a cair a uma taxa de cerca de 5% por século, o que, combinado com o aumento da Anomalia do Atlântico Sul, uma área onde campo eletromagnético é mais fraco do que em qualquer outro lugar, levou à especulação sobre a proximidade da inversão magnética.
“A nossa investigação sugere, em vez disso, que o enfraquecimento atual do campo [magnético] vai recuperar sem um evento extremo e, por isso, é improvável que se inverta”, escrevem os autores.
Os polos magnéticos da Terra inverterm-se aproximadamente a cada 200 mil ou 300 mil anos. No entanto, a última inversão registada remonta a cerca de 780 mil anos atrás e os cientistas acreditam que a próxima demore ainda vários milhares de anos.