Foi na fase das entrevistas para uma pesquisa do Departamento de Educação e Psicologia da Universidade de Aveiro que alguns dos 30 reclusos estudados, todos condenados por homicídio e a cumprir penas em várias cadeias do País, quebraram. “Mostraram arrependimento por meio de palavras e, em certos casos, com alguma emoção nas descrições das situações”, diz à VISÃO Dulce Pires, coordenadora da pesquisa.
Mas entrar no reduto de uma população homicida significa encontrar um pêndulo. Se houve “indivíduos que consideravam não ter desculpa para o ato, outros não se manifestaram nesse sentido, e outros ainda evocaram fatores situacionais, como uma reação de momento – por exemplo, no meio de uma discussão -, para o desfecho que culminou no crime”, relata a especialista.
De uma forma geral, estes reclusos querem refazer as suas vidas após o cumprimento da pena, embora receiem o estigma social. E “não é por norma equacionado pelos próprios que voltem a matar”. Aliás, explica Dulce Pires, “o homicídio é o resultado de múltiplos fatores”.
O pêndulo regressa quando se aborda o “peso na consciência”. A palavra à especialista: “Há indivíduos que apresentam esse sentimento de ‘algo que levaram para sempre’, enquanto outros manifestam indiferença.”