A cerca de 3000 quilómetros de profundidade da superfície da Terra existe um “jet stream” (uma “corrente de jato”) de ferro líquido que está, neste momento, a mover-se para oeste, debaixo do Pólo Norte, Canadá e Sibéria.
Esta descoberta foi publicada num novo estudo que analisou o campo magnético da Terra, a partir de informações recolhidas pelos satélites da missão Swarm, da Agência Espacial Europeia, que revelaram mudanças intensas no campo magnético em alta latitude.
Uma das alterações mostra que, na última década, um dos lóbulos de fluxo, localizado por baixo do Canadá e da Sibéria, “não só esteve a mover-se, mas a acelerar” – pode ler-se no estudo publicado da revista Nature Neroscience.
Os investigadores da Universidade de Leeeds acreditam que o movimento deste “jet stream” está a ser causado pelo líquido do núcleo, que se está a mover em direção aos limites de ambos os lados, provocando uma compressão lateral sobre ele próprio.
À BBC, um dos investigadores revelou que este jato de ferro líquido está a mover-se cerca de 50 quilómetro por ano. “Isto pode não parecer muito para a superfície da Terra, mas têm de lembrar-se que é um líquido de metal muito denso e é preciso muita energia para o mover”, referiu.
Este “jet stream” pode ser comparado, segundo os autores do estudo, às correntes de jato da atmosfera, que são muito importantes para a aviação – permitem que os aviões se movam mais depressa – e para a meteorologia.
O campo magnético da Terra tem o poder de afetar o funcionamento da Terra, nomeadamente as comunicações, os padrões climáticos e até as migrações dos animais. No entanto, de há 200 anos para cá, o campo tem vindo a enfraquecer, o que, segundo os especialistas, pode tornar a Terra muito mais vulnerável à meteorologia do espaço
Esta é uma das primeiras grandes descobertas tornada possível através da missão Swarm, mas os cientistas estão entusiasmados e acreditam que muitas outras características da Terra poderão ser desvendadas pelas novas imagens de alta resolução enviadas pelos satélites.