A agressão de um adolescente a outro mais pequeno, perante o olhar passivo de vários colegas, nos balneários de um colégio privado nas Honduras, gerou uma onda de indignação das redes sociais. O vídeo, divulgado na semana passada na página de Facebook da HCH Television Digital, tornou-se viral e já vai em quase 15 milhões de visualizações. A maioria dos mais de 40 mil comentários não poupa o agressor, filho de um conhecido empresário hondurenho. Por ironia, nesse dia estava equipado com uma camisola do Barcelona, do tempo em que a UNICEF – a organização das Nações Unidos que tem por missão defender as crianças – patrocinava o clube espanhol.
A estação televisiva regional HCH qualificou o ato como bullying, mas os responsáveis da Escola Internacional Sampedrana discordam. “Foi um lamentável episódio isolado, pois não existe qualquer antecedente da parte de nenhum dos envolvidos”, pode ler-se no comunicado publicado pela instituição de ensino na sua conta de Facebook, como justificação para não se aplicar ao caso o conceito de bullying ou perseguição escolar. “A sua definição diz que se refere a toda a forma de maus tratos físicos, verbais ou psicológicos produzidos de forma reiterada e ao longo do tempo.”
Ainda segundo o colégio, o ato foi uma reação a um “incidente prévio” (não divulgado) e quem tinha de ser punido já o foi. A lei anti bullying das Honduras prevê a responsabilização das crianças agressoras, mas também de “pais, educadores, diretores de escola e demais autoridades educativas”. A escola não esclareceu se haverá consequências a este nível.
O bullying nas escolas é um problema conhecido nas Honduras e até já motivou vários protestos de rua, mas está longe de confinar-se a este país da América Central. É um fenómeno à escala mundial. Um estudo da organização U-Report em 18 países, citado no mês passado pela UNICEF, por ocasião do Dia Internacional da Juventude, concluiu que dois em cada três jovens diz ter sido vítima de maus tratos entre os seus pares.
Na sua iniciativa global End Violence Againt Children (Pôr fim à violência contra as crianças), a UNICEF tem como uma das preocupações alertar para o impacto negativo do bullying, que “continua a ser um risco mal-entendido para o bem-estar das crianças e dos jovens”, nota Theresa Kilbane, conselheira para assuntos de proteção infantil da UNICEF.
Em portugal, o tema também gera várias preocupações e não faltam exemplos de pessoas que sofreram com esta forma de humilhar o outro.