CINCO FACTOS (E OPINIÕES) SOBRE O TURISMO EM PORTUGAL
1.De acordo com o Fórum Económico Mundial, Portugal era, em 2015, um dos vinte destinos turísticos mais competitivos do mundo.
Em 2015, Portugal foi o vencedor dos World Travel Awards, tendo conquistado dezasseis dos chamados “óscares do turismo”. Nesse mesmo ano, ocupava o 15º lugar do ranking do Fórum Económico Mundial para o sector. No entanto, nem todos os dados são animadores. Espanha, França e Itália, nossos concorrentes directos, encontram-se em posições acima da portuguesa e estão no Top10. Espanha e França detêm mesmo o primeiro e segundo lugares. Mas, sobretudo, estes três destinos, e também a Grécia, captam muito mais turistas que Portugal, que é ainda um destino pouco importante para as viagens dos europeus. Esta conclusão não é alterada quando temos em conta a dimensão territorial e populacional. Nem quando olhamos para as taxas de ocupação dos estabelecimentos hoteleiros. Ou quando pensamos em receitas em vez de hóspedes e dormidas.
2.O turismo é a maior actividade exportadora da economia portuguesa.
As exportações do sector corresponderam a 15% das exportações totais de Portugal e a balança de turismo e viagens representa mais de 4% do PIB português (dados Pordata para 2015). Segundo o World Travel & Tourism Council, o turismo contribuiu em 2015 para 8,9% do investimento e 7,9% do emprego em Portugal é na actividade turística (um valor que sobe para mais de 19% se contabilizados também os efeitos indirectos e induzidos). Razões de sobra para considerar o turismo um sector estratégico para a economia nacional. Mas pode-se pensar ainda que se trata de uma actividade não passível de ser deslocalizada, que concorre para a preservação do património e para a reabilitação urbana, que promove encontros com outras culturas e que é um factor de valorização da nossa própria identidade.
3.Também no turismo, Portugal é um país de assimetrias.
Nos primórdios do turismo em Portugal, Lisboa, Algarve e Madeira constituíram-se como os principais pólos de atracção. Nos dias de hoje, a procura continua muito concentrada. Quase três quartos das dormidas registam-se nestas três regiões. E, naturalmente, são elas que apresentam as melhores taxas de ocupação e os maiores proveitos. Economicamente assimétrico, geograficamente diverso: Portugal tem planícies, montanhas e praias, tem cidades cheias de História, tem ilhas, tem florestas e vinhedos. Tudo condensado em 92 mil quilómetros quadrados. O que é um elemento diferenciador do nosso destino turístico.
4.“Portugal: The Shortest Way Between America and Europe” foi o slogan do primeiro cartaz turístico português.
Quem costuma estar atento às lojas de lembranças provavelmente já reparou neste póster. Trata-se de uma reprodução do primeiro cartaz turístico português, de 1907. Foi lançado pela Sociedade de Propaganda de Portugal, que pretendia que Lisboa se transformasse na plataforma de tráfego internacional entre o centro europeu e o continente americano. Estando os EUA entre os 15 mercados elegidos como prioritários, é importante perceber porque é que Portugal pode não ser o caminho mais curto entre a América e a Europa.
Para a Sociedade de Propaganda de Portugal, se os turistas não acorriam a Portugal isso só poderia ser porque o país ainda era ignorado. Cem anos volvidos, o destino turístico Portugal continua a ter um problema de visibilidade. Contamos quase 900 anos de História, mas nenhum monumento português é tão emblemático quanto a Torre Eiffel.
5.Portugal detém o estatuto de membro fundador da Organização Mundial do Turismo
Portugal foi o terceiro país do mundo a ter um organismo oficial do turismo e participou na primeira iniciativa para a sua coordenação a nível internacional, que está na génese da Organização Mundial do Turismo. Não obstante este pioneirismo, o desenvolvimento do sector no país revelou um desfasamento temporal face a outros países da Europa Ocidental. Lisboa não integrava o roteiro da tradicional viagem que os jovens aristocratas ingleses faziam pela Europa, o chamado Grand Tour. O turismo em Portugal até ao fim do século XVII é praticamente inexistente. Em 1850, a ilha da Madeira é o único destino turístico português verdadeiramente cosmopolita e com projecção no estrangeiro.