Pensa-se na definição de macho alfa e logo se imagina um homem feroz, que controla a sua família com mão de ferro. Mas esse não é o retrato que o escritor americano, especializado em temas ambientais, Carl Safina traça, depois de observar os lobos em família no parque nacional de Yellowstone, nos EUA.
“Vi que os machos que mandam não o fazem de forma forçada, nem dominante, nem agressiva para com os que o rodeiam. Os lobos verdadeiros não são assim”, garante o especialista, acrescentando que esta ideia feita vem de uma má interpretação do comportamento destes animais em alcateia – desde sempre considerado um modelo de conduta masculina exemplar.
Carl assevera que os machos alfa podem interferir de forma decisiva numa caçada, mas depois retiram-se para descansar, até toda a gente estar saciada. Eles sabem o que têm de fazer tendo sempre em conta a opção mais conveniente para a sua família e, com isso, provocar um efeito tranquilizador naqueles que dependem de si, fugindo da agressividade. No entanto, podem ser duros, se a situação assim o exigir.
Quem observa lobos no seu habitat e se apercebe de toda a sua “beleza, flexibilidade e capacidade de adaptação, mas também da sua violência na hora de se defender e de caçar”, não consegue deixar de pensar nas semelhanças destes mamíferos com os humanos. Afinal de contas, nós também vivemos em grupos familiares organizados, defendemo-nos dos outros humanos quando estes nos atacam e controlamos os lobos metafóricos que desenvolvemos no nosso interior. Só que os machos alfa arranjam comida para as suas fêmeas e crias, até elas serem maduras, com uma lealdade e devoção irrepreensíveis. Já os ditos macho alfa humanos podem deixar muito a desejar neste campo…