Em declarações exclusivas à revista VISÃO, David Neeleman disse esta semana que “jamais teria entrado num concurso para comprar 49% de uma empresa com todos os problemas que a TAP tem”. Em causa estão as negociações com o governo para reverter o controlo da transportadora aérea para as mãos do Estado. “O mais fácil era dizer ‘devolvam-me o dinheiro e eu vou-me embora’. Mas acredito na TAP. Sinto uma grande responsabilidade nas pessoas que aqui trabalham”, justifica.
Para o empresário norte-americano, “a TAP tem muito valor e não pode morrer. A privatização aconteceu porque os bancos já não emprestavam mais dinheiro e o Governo não podia financiar empresa, porque poderia sofrer fortes represálias de Bruxelas por causa das leis da concorrência”. Estas declarações entram em aparente contradição com a opinião expressa na passada pelo primeiro-ministro, quando António Costa disse acreditar que “as coisas estão a correr bem” e que “não há qualquer dificuldade para chegar a um entendimento”. Neeleman, no entanto, revela-se mais flexível do que no primeiro encontro que teve com o executivo: ”O Governo que temos é este. Tem as suas ideias, temos de a respeitar. O mais importante nesta negociação é a TAP”.
Na mesma entrevista Neeleman revela a estratégia que está a delinear para a companhia aérea. Uma das maiores apostas passa pela conquista do mercado norte-americano. A TAP vai passar a oferecer noites gratuitas em Lisboa a passageiros que queiram fazer escala de dois ou três dias em Portugal.
Em março irá dar início à ponte aérea entre Lisboa e Porto. A operação que será assegurada pela Portugália, com voos de hora entre as 6h30m e as 20h30m. Nas horas de ponta as ligações serão feitas de meia em meia hora. O check-in será facilitado, de acesso direto e os passageiros apenas terão de estar no aeroporto 20 minutos antes da descolagem. Caso um passageiro perca o avião das 15 horas, por exemplo, pode apanhar o voo seguinte, sem qualquer encargo adicional.