“Sim, fui eu a lançar a ideia, mas pouco mais do que isso, porque a seguir fui filmar Os Gatos não têm Vertigens“, responde o realizador António-Pedro Vasconcelos, assim que o interpelamos por telefone, a poucas horas da estreia da série A Arte Elétrica em Portugal, na RTP1. “Depois, entreguei esse projeto ao meu sócio Leandro Ferreira. Quer falar com ele? Ele está mesmo aqui ao lado…”
O telefone passa de mãos e continuamos a conversa com um dos realizadores (Pedro Clérigo também assina). Leandro explica que apadrinhou a ideia do sócio e amigo imediatamente. “Trata-se de um tema que me é especialmente querido.” Os seus 58 anos permitiram-lhe acompanhar o crescimento do rock em Portugal, primeiro em Ponte de Lima, pela mão do irmão mais velho, ao som dos Sheiks e dos Gatos Negros. Depois, já em Lisboa, não perdia um concerto, era habitué do Rock Rendez-Vous e até se tornou amigo de alguns dos protagonistas.
Talvez por isso a sua missão tenha sido facilitada.
Decidiu, junto com Pedro Clérigo, dar voz a quem fez parte da história e então ligaram o microfone a mais de cinquenta músicos, alguns que aí andam desde 1960, como Paulo de Carvalho ou Tozé Brito, a outros menos antigos, como Zé Pedro dos Xutos ou Pedro Ayres de Magalhães, o fundador dos Heróis do Mar ou do grupo Madredeus. “Pense num protagonista qualquer e ele está num dos seis episódios do documentário”, instiga.
Foi um desafio abdicar do texto narrativo, da voz off e de deixar o palco para os protagonistas – implicou um trabalho de montagem minucioso e a aposta numa imagem diferente, mais moderna e atual, apesar de a série já estar toda entregue deste 2013.
A partir de hoje à noite, e todas as quartas às 23 horas, ouvir-se-á muita música em antena, misturada com imagens de arquivo. E quem sabe se a história terá continuidade depois de 2 de dezembro, data em que o último episódio passará. Os realizadores não perderam a esperança de ainda pôr um ponto final, porque esta série fica em 1993. To be continued?