Por enquanto, nenhum é formalmente um partido, mas o Chega e o Democracia 21 (D21) chegaram a acordo para se apresentarem coligados nas eleições europeias de 26 de maio. Em declarações à VISÃO, André Ventura e Sofia Afonso Ferreira, líderes dos dois movimentos, confirmam o entendimento. “Chegámos a acordo com o D21 e vamos juntos”, adianta André Ventura. “Ficou tudo fechado entre quarta-feira e hoje [segunda-feira]”, acrescenta Sofia Afonso Ferreira.
A principal figura do D21 estará entre os três primeiros nomes da lista conjunta, num lugar que Ventura considera “elegível”. Já o controverso candidato do PSD à Câmara Municipal de Loures nas últimas autárquicas ainda é uma incógnita. Tanto poderá apresentar-se como cabeça-de-lista como ficar de fora e guardar-se para as legislativas de 6 de outubro. Segundo um comunicado que será divulgado esta terça-feira, essa clarificação será feita “em breve”.
Por definir está ainda a parte formal do acordo, isto é, em que moldes é que Chega e D21 irão a votos. Isto porque apenas o primeiro movimento recolheu as 7500 assinaturas necessárias para se constituir como partido e, previsivelmente, obter luz verde do Tribunal Constitucional (TC). O D21, que Sofia Afonso Ferreira classifica como uma plataforma pertencente à “direita liberal”, ainda não o fez, ainda que a sua principal dinamizadora acredite que tal seja possível a tempo das europeias. Caso contrário, terá de ser o Chega – se os juízes do Palácio Ratton o legalizarem – a acolher as personalidades indicadas pelo D21 nas suas listas.
No final do ano passado, Ventura garantia à VISÃO que o seu partido estará “integrado na direita democrática”, embora “encarne valores mais radicais”, como a prisão perpétua para homicidas, a castração química de pedófilos ou o trabalho obrigatório para presidiários. O ex-vereador de Loures assegurava também que não se revia nas políticas de Donald Trump ou de Jair Bolsonaro e refutava as críticas de que o seu discurso promove o ódio e a discriminação: “Não será uma direita à americana, nem à brasileira, nem à italiana, será uma direita à moda portuguesa!”
O comentador televisivo notava ainda que tinha lido pessoas a advogar que o TC não deveria aceitar a formalização do partido, mas considerava que isso seria “um erro que a democracia pagaria caro”. “Nada seria menos democrático”, explicava, apontando como exemplos a legalização do PNR e do PCTP/MRPP. Sendo vetado, avisou desde logo, recorreria às instâncias europeias, porque tudo não passaria de “medo eleitoral”.