Assunção Cristas fez o discurso de encerramento mostrando os caminhos que começa hoje a percorrer, como nova presidente do CDS. Depois de um dia de congresso em que foi criticada por mostrar por onde pretende levar o partido, com que bandeiras, Cristas falou este domingo e, durante 20 minutos, apontou o percurso.
Definiu quatro prioridades. Primeira: quer uma nova “organização do tempo da nossa vida ativa, com paragens ao longo da carreira, conciliação entre trabalho e família” e uma passagem gradual para a reforma. Assumiu “problemas no sistema de pensões” demasiado graves para ser ignorados, pelo que vaio propor “um método de trabalho aos demais partidos”. Será, garante, uma “aproximação genuína” e aguardará para ver a posição do partido que sustenta o governo. “Se o PS recusar, cairá a máscara a António Costa.”
Segunda prioridade: Quer uma “revisão da regulação e supervisão por entidades independentes e uma mudança do sistema de nomeação do Governador do Banco de Portugal”, ideia avançada no primeiro dia de congresso por Paulo Portas. Noutro recado para fora e com Pedro Passos na primeira fila de convidados, Cristas disse: “não contem connosco para fazer política partidária sobre esta matéria.”
Para terceira prioridade, a nova líder do CDS escolheu as matérias laborais, e em particular as “diferenças entre os regimes laborais entre setor público e setor privado” – estatuto, horários, direitos.
“Não faz sentido ter dois países nesta matéria”, diz, preocupada em ter uma administração pública motivada e capaz de atrair os melhores.” Como escreveu na sua moção, propõe “alargar a ADSE a todos os portugueses.”
Por fim, aponta, como quarta e última prioridade, identificar e trabalhar para resolver os “obstáculos à atividades nas nossas empresas”, em particular no que se prende com a fiscalidade, simplificação de processos e diminuição de custos de contexto.
As receitas de Cristas para as próximas eleições
Depois das regionais dos Açores, o CDS terá pela frente as autárquicas e Assunção promete trabalhar intensa e proximamente com as concelhias e distritais do seu partido para manter a “tendência de crescimento de 2013.”
Nas últimas eleições, o CDS, partido que não tem grande dimensão autárquica, conquistou a presidência de cinco câmaras municipais e é essa dinâmica que quer manter, com tratamento diferenciado dos concelhos: a lógica é não mexer onde esteja a correr bem, como é o caso do Porto. O CDS de Paulo Portas apoiou a candidatura de Rui Moreira e, se o seu sucesso se mantiver e se este pretender manter-se, Assunção Cristas promete propor aos órgãos do partido “a renovação do apoio do CDS à sua candidatura.”
Mas a linha da nova líder do CDS também prevê a continuação da parceria com o PSD, lá onde há “bons exemplos”, como é o caso de Aveiro ou Cascais.
A Lisboa, promete a apresentação, à Câmara de Lisboa, de uma “candidatura forte, mobilizadora”, à semelhança daquela protagonizada por Nuno Krus Abecasis, presidente da autarquia lisboeta no final dos anos 70 e início dos anos 80, com o apoio do CDS e do PSD. Segundo notícia do Expresso, Cristas pondera ser ela a protagonizar essa candidatura, mas “pondera significa estar em processo de reflexão”, o que “ainda não é o caso. É uma hipótese, que será pensada”, disse à VISÃO fonte próxima da nova líder.
Em relação às legislativas, de que “não conhecemos dia nem hora”, Cristas promete “uma oposição firme e acutilante” e trabalhar para ser “uma alternativa a este governo” cuja atuação classifica de “irresponsável e errático.”
Perante uma representação familiar de peso (pais, irmãos, sobrinhos, marido e filhos), Assunção disse em que moldes estava neste campeonato: “Em politica não se está para corridas de 100 metros, está-se para disputar maratonas.”