Minuto 1
Barcelona está viciada no código QR. O dito, para quem não sabe, é o código que permite a “leitura” e o armazenamento de informação em 2D por telemóveis com software e câmara compatível. Em Sarriá, no túnel do metro, por momentos temos a sensação de que atravessamos um corredor de hipermercado. O leite, o azeite, as compotas, as bolachas e o que mais se imagina surgem à escala real numa das paredes. No final das longas prateleiras virtuais, lá surge o código. Agora imagine que vai a correr para o metro, se esqueceu de fazer as compras da semana, mas tem o telemóvel à mão: é só clicar no código e as ditas são entregues em casa por um preço extra. A moda, de resto, também já chegou…ao além. Nos cemitérios da capital catalã são já frequentes as campas com código QR, onde se podem ouvir as últimas mensagens do morto, o vídeo com as canções que o falecido deixou à família e aos amigos ou as confissões que ficaram por fazer. Uma forma de manter, como dizia um famoso spot publicitário, a sensação de viver.
Minuto 2
Na capital catalã, a crise fez com que cafés e bares tornassem o WC apenas acessível a clientes “pagantes”. Os proprietários justificam a mudança de hábitos com o aumento dos custos da água, do papel higiénico, dos detergentes, etc. A atitude ganha adeptos e já motivou debates e polémicas acesas nos jornais. Uma manhã, a VISÃO confirmou a que ponto chegou a segregação higiénico-consumista: o repórter sentou-se por 10 minutos no Starbucks para preparar uma entrevista. Tomou o pequeno-almoço e pediu a fatura. No papel, lá vinha o código – 6969 – que lhe permitiu via livre para o WC.
Minuto 3
Em Barcelona, o trânsito não é o caos de outros tempos, diz quem conhece bem a cidade. Mas agora é perfeitamente possível – e até provável – que um transeunte seja atropelado por uma…bicicleta. O Bicing, o sistema público de aluguer de bicicletas, é uma vitória ecológica da capital catalã. Os alugueres e os parques de estacionamento de bicicletas dispararam desde que o projeto foi criado em 2007. O problema é que a precária situação dos cofres da Catalunha tornou o financiamento do projeto insustentável, obrigando o município a aumentar os custos das tarifas. Com mais de 181 quilómetros de ciclovia disponíveis, não admira que, em Barcelona, o debate mais aceso a seguir ao desemprego e à independência seja saber se os catalães podem continuar a dar ao pedal como até aqui.