Foi na segunda-feira à noite, que numa declaração ao país, Donald Trump inverteu a posição que assumira até agora, favorável a uma saída rápida das tropas norte-americanas daquele conflito, e defendeu o empenho dos EUA no Afeganistão, afirmando que as tropas norte-americanas têm de “combater para ganhar”.
Trump argumentou com a necessidade de evitar os erros cometidos no Iraque, onde a retirada norte-americana criou um vácuo que foi rapidamente aproveitado pelo auto-proclamado Estado Islâmico.
O Presidente não avançou quantos mais militares prevê enviar para o Afeganistão, mas segundo fontes da administração citadas pela Associated Press, o plano pode envolver o envio de mais 3.900 tropas, que poderão partir dentro de dias.
O anúncio representa uma inversão do que Trump defendeu durante a campanha eleitoral, quando classificou o envolvimento dos EUA no país como “um desperdício absoluto” e defendeu o regresso a casa das tropas destacadas.
“O meu primeiro instinto foi retirar e, historicamente, gosto de seguir os meus instintos”, afirmou o Presidente, na declaração ao país. “Mas toda a vida ouvi que as decisões são muito diferentes quando nos sentamos atrás da secretária na Sala Oval”. Trump diz que estudou a questão em “todos os ângulos possíveis” e que só depois disso mudou de ideias. Entre os “ângulos” que lhe foram apresentados pelo seu conselheiro para segurança nacional, H.R. McMaster, defensor de um envolvimento maior no Afeganistão, esteve uma foto a preto e branco, datada de 1972, de mulheres afegãs a andar na capital, Cabul, de mini-saia. Segundo o Washington Post, a ideia era mostrar a Trump que os costumes ocidentais já tinham existido no Afeganistão e que poderia voltar.
A Quartz avança, por seu lado, que esta é “muito provavelmente” a imagem mostrada ao Presidente:
Usada com frequência por ativistas dos direitos humanos e historiadores para mostrar a liberdade das mulheres antes dos talibãs assumirem o poder, a foto é apresentada pela Aministia Internacional para ilustrar como até ao conflito da década de 70, o século passado tinha assistido a uma progressão dos direitos das mulheres no Afeganistão. O direito ao voto, concedido em 1919, até antecedeu num ano os Estados Unidos. Mas a liderança talibã nos anos 90 implicou vários passos atrás neste campo.