Emad sofre de mucopolissacaridose, uma doença rara que se traduz na incapacidade do corpo para produzir enzimas. Já foi operado três vezes e, conforme contou a mãe, Zahra Khorasani, à agência Reuters, os tratamentos e as cirurgias já engoliram todo o dinheiro que a família tinha e o que pediu emprestado.
O menino vive com os pais e dois irmãos numa pequena casa arrendada e o pai, com uma deficiência numa das pernas, está desempregado há dois meses.
Dia 7 seria um dia decisivo, embora não da forma que os pais tinham planeado. O pai do menino, Hossein Esmaeilnejad, dirigiu-se aos correios com uma carta a suplicar ajuda ao Presidente iraniano. “Disse a Deus: ‘Se resolveres as coisas, ótimo. Se não, nunca mais vou pedir ajuda a niguém'”, recorda. No mesmo dia, a mãe pegou em Emad e levou-o ao Parlamento em Teerão, disposta a expôr o seu caso e fazer um pedido desesperado de ajuda.
Mas os planos do Daesh sobrepuseram-se aos seus: um grupo de quatro terroristas atacou o edifício e começou a disparar indiscriminadamente. Um dos atacantes fez-se explodir no quarto andar do edifício.
“Toda a gente estava a fugir. Toda a gente estava a tentar encontrar uma forma de se salvar. Alguns conseguiram, mas muitos morreram”, relata Zahra. Os ataques desse dia, reivindicados pelo autoproclamado Estado Islâmico, e que visaram não só o Parlamento iraniano como o mausoléu do imã Khomeni, fizeram um total de 17 mortos.
Recorde as imagens do terror em Teerão
Emad não ouviu os tiros, nem os os gritos, graças a sua grave deficiência auditiva, mas percebeu, certamente, que algo de muito errado se passava: a mãe pegou nele e correu. Num dos corredores, as forças de seguranças deram-lhes coletes à prova de bala e evacuaram-nos do edifício. Foi este momento, quando o menino era ajudado a sair por uma janela, que foi captado pelas agências internacionais e que seria publicado em vários meios de comunicação e largamente partilhado nas redes sociais.
A “publicidade”, que não tinham imaginado, valeu-lhe uma esperança inesperada para a doença de Emad. “O ministro da saúde visitou-nos. Foi muito amigável”, lembra o pai. O responsável deu ordens para que a criança começasse a ser tratada imediatamente, com o Estado a suportar todos os custos, mesmo que seja necessário recorrer a ajuda médica no estrangeiro.
Esmaeilnejad continua desempregado e sem casa. Mas a fotografia resolveu “metade” dos seus problemas e Emad está, finalmente, a ser tratado.