Os arrufos ainda estão bem presentes. Há dois meses, o Fundo Monetário Internacional fazia mea culpa pela situação na Grécia a dívida devia ter sido reestruturada logo desde o início, já que não era sustentável. E apontou o dedo: a Comissão Europeia está mais preocupada com o cumprimento das suas normas do que com o impacto das políticas de austeridade sobre o crescimento económico.
A resposta da CE foi violenta. O FMI, disse o comissário Olli Rehn, estava a “lavar as mãos” do que aconteceu na Grécia e a “atirar água suja” para cima dos europeus. E foi neste contexto que se começou a falar, numa surdina bastante ruidosa, num segundo pacote de resgate a Portugal levado a cabo apenas pela CE.
Coloca-se agora a questão: os novos líderes das duas missões a Portugal, do FMI e da CE, irão ter outra voz que se distinga da pura austeridade? Terá chegado a hora de, no terreno, a troika mostrar uma genuína preocupação com o desemprego e o crescimento económico?
Poder-se-ia pensar numa resposta positiva. Da parte do FMI, o indiano Subir Lall tem defendido uma suavização da austeridade na Alemanha, como forma de empurrar a economia. Já o irlandês John Berrigan, da Comissão Europeia, tem criticado a falta de reconhecimento dos países do centro em Europa em relação ao grande esforço que os mais periféricos têm feito. Estes são os sinais. Haverá quem ainda pague para ver?