Pertence à minoria de distraídos que ainda não conhece Jimmy Carr? Aperte o cinto de segurança mental: a experiência de assistir a um dos espetáculos de stand up comedy deste humorista britânico de raízes irlandesas assemelha-lhe a um case study sobre como atacar o politicamente correto até não restar pedra sobre pedra. Carr tornou-se um especialista a disparar piadas curtas e demolidoras que não poupam géneros, sexo, religião, minorias, criancinhas, traumas coletivos. Pode começar assim: “Lembro-me do que estava a fazer quando disse pela primeira vez a alguém que a amava. Estava a mentir para conseguir sexo.” E descambar a seguir nesta tirada: “O Hitler e o Pol Pot podiam ser umas bestas, mas conseguiram fazer imensa investigação médica sem magoar animais.” E tudo dito com uma expressão impassível.
O comediante soma uma carreira de dezoito anos a subir aos palcos, a que juntou incontáveis participações em programas de televisão. Por estes dias, pode ser visto na Netflix, em The Fix – uma espécie de “think tank de comédia”, explica ele na entrevista que deu à VISÃO, agora nas bancas, em que falou dos limites da comédia (que não tem), do Brexit (que não tem piada), ou do poder do humor (“pode-se mudar o mundo com uma piada”).
The Best of Ultimate Gold Greatest Hits, espetáculo com que anda a correr mundo, apresenta-se agora em três cidades portuguesas: Lisboa (sexta e sábado, no Cinema São Jorge), Braga (domingo, no Theatro Circo de Braga) e Porto (segunda-feira, Sala Suggia).
Antes da primeira sessão em Lisboa, terá lugar esta tarde, às 19h, uma conversa especial: Jimmy Carr vai ser entrevistado por Ricardo Araújo Pereira, humorista, cronista da VISÃO, outro especialista das piadas implacáveis, fatos bem comportados e expressão impassível. À VISÃO, Jimmy Carr avisa: “O Ricardo Araújo Pereira pensa que me vai entrevistar, mas está completamente enganado. Eu é que o vou entrevistar e, quando descobrir o que se está a passar em Portugal, vou safar-me bem.”