O que é, afinal, um “gabinete de curiosidades”? “Foram feitos, sobretudo, nos séculos XVII e XVIII e visavam, antes de mais, criar uma ideia utópica do que poderia ser a criação de Deus; eram espaços onde o seu proprietário reunia um conjunto de objetos invulgares, com uma componente exótica e, no fundo, curiosa”, explica Paulo Trincão, diretor do Museu da Ciência da Universidade de Coimbra, que acaba de abrir uma sala dedicada a “esses objetos estranhos que simulavam a obra do Criador”. Mas o objetivo principal do mais antigo museu de Ciência português – a celebrar 250 anos –, ao mostrar estas cerca de quatro mil peças ao público, é o de “recriar o espírito da pré-museologia, podendo tirar partido do vastíssimo espólio que a Universidade de Coimbra tem, resultante de sete séculos de atividade”.
Numa sala escura, iluminada por seis mil luzes led que variam de cores e de intensidade, pretende-se “tirar o máximo partido da beleza dos objetos e do seu caráter enigmático”, continua Paulo Trincão. Um crocodilo com cinco metros pendurado no teto, um dente de narval (espécie de baleia) com uma representação mitológica, o esqueleto de uma vaca ou besoires (bolas de pelo com caráter místico), são algumas das peças das classes animália (animais, fósseis e minerais) e científica (como microscópios e espelhos) que se podem observar. Com a abertura de Gabinete de Curiosidades – Uma Interpretação, o Museu de Ciência que possui o mais antigo núcleo museológico português de história natural e preserva as salas originais do Laboratório Chimico e do antigo Colégio de Jesus, “não pretende fazer uma recriação histórica, mas antes a recriação de um sentimento e uma postura de uma certa época”.
Museu da Ciência da Universidade de Coimbra > Lg. Marquês de Pombal, Coimbra > T. 239 240 870 > seg-dom 9h-13h, 14h-18h > €5, €2,50 (13-18 anos), até 12 anos grátis