Os irmãos Lumière inventaram o cinematógrafo, em 1895, mas quem abriu as cortinas ao “sonho, à magia e à ficção no cinema” foi Georges Méliès. O contributo do cineasta francês, que permitiu transformar a sétima arte num espetáculo popular, é o ponto de partida da exposição Senhoras e Senhores, o Espetáculo vai Começar. Georges Méliès e o Cinema de 1900, no Cais de Gaia, em Vila Nova de Gaia, até 11 de junho, com entrada grátis.
Na mostra, o visitante é transportado para um ambiente de feira do início do século XX, com as suas barracas e o ambiente festivo. Aí começa a compreender-se como é que o cinema se transformou num espetáculo, capaz de entreter e fazer sonhar as classes populares. Numa época em que a sétima arte dava os primeiros passos, e existiam apenas documentários, Méliès introduziu-lhe uma outra dinâmica.
A Fundação “la Caixa”, juntamente com a Cinémathèque Française, é responsável por esta exposição itinerante. Em Espanha, às retrospetivas dedicadas a figuras do cinema, como Charles Chaplin e Federico Fellini, seguiu-se Georges Méliès nos centros CaixaForum. Pelo país vizinho, a obra do cineasta francês acabou por dar corpo a uma grande exposição itinerante nos últimos dois anos, a partir da qual foi criado um projeto que agora se mostra em Portugal. No Cais de Gaia, uma estrutura com 200 metros quadrados convida-nos a viajar no tempo para compreender o nascimento do cinema como fenómeno popular.
Através de cartazes e cópias de fotografias da época, reproduções de aparelhos e projeção de diversos filmes, e até mesmo uma maquete do estúdio de Méliès, mostra-se a forma como no início do século XX as pessoas ocupavam os tempos livres e alguns desses elementos permitem entender o papel do cineasta francês. Na verdade, o fénomeno deve-se, em grande medida, às invenções e técnicas de Méliès. Pioneiro do género fantástico, e com uma imaginação sem limites, criou outros mundos, mudou a forma e a linguagem para contar histórias alegres, com humor, ilusão, chamas, fumo e muito vapor.
Depois de traçado o contexto da época e a experiência cinéfila vivida em ambiente de feira com Méliès, percorre-se a última parte da exposição dedicada a Le voyage dans la lune (Viagem à Lua), o primeiro filme (1902) pensado, criado e distribuído para alcançar êxito. Nesta área, além de se aprofundar a forma como o cinema evoluiu desde essa época, revela-se a influência de Méliès na criação de uma nova linguagem cinematográfica.
Nascido a 8 de dezembro de 1891, George Méliès foi ilustrador, encenador mágico, ator, cenógrafo e técnico de cinema, além de produtor, realizador e distribuidor de mais de 500 filmes, entre 1896 e 1912. E foram muitos os filmes onde Méliès, como um génio dos efeitos especiais, aplicou truques de magia, pirotecnia, ilusões de ótica, deslocações horizontais e verticais, paragens de câmara, transições encadeadas, sobreposições de imagens e efeitos de montagem. É todo esse universo do “alquimista da luz”, como lhe chamou Charlie Chaplin, e dos primeiros passos da ficção no grande ecrã que se pode ver na exposição, em visitas autónomas ou orientadas (de segunda a sexta às 18 horas e, aos fins de semana, às 11 e às 18 horas).
Senhoras e senhores, o espetáculo vai começar. Georges Méliès e o cinema de 1900 > Cais de Gaia, Vila Nova de Gaia > seg-sex 12h-13h30, 16h-20h, sáb-dom e fer 10h-13h, 16h-20h > até 11 jun > grátis