É uma agradável surpresa vinda das terras geladas da Islândia, país pequeno cuja interessante cinematografia raras vezes chega a Portugal. Cordeiro, a primeira longa de Valdimar Jóhannsson – realizador que, entre outros, trabalhou como chefe eletricista na Guerra dos Tronos –, surpreendeu no Festival de Cannes e, desde aí, tem circulado pelo mundo.
Na história de um casal de lavradores islandeses que, em vez de um filho, têm uma ovelha, há obviamente qualquer coisa de surrealizante, de grande ousadia metafórica. Contudo, apesar das parecenças, Jóhannsson nunca envereda por caminhos demasiado próximos de Buñuel ou de Lynch.
O elemento surreal não serve para derivar por universos paralelos fonte de estranheza e estupefação. Lida com a metamorfização do símbolo sem perder o contexto realista, naturalista, mas ao mesmo tempo disruptivo. O cordeiro é o elemento estranho que se assume, mas que nunca deixa de ser o outro. Tudo isto tem um impacto emocional no próprio espectador, criando, em simultâneo, imagens fortes.
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Cordeiro > De Valdimar Jóhannsson, com Noomi Rapace, Hilmir Snær Guðnason > 106 min