É um regresso a uma sala que conhece bem, onde já atuou por diversas vezes, mas desta vez é diferente. A noite deste sábado, 2 de abril, marca a estreia de Dino d’Santiago em nome próprio, no Coliseu dos Recreios, em Lisboa. E o artista algarvio de origem cabo-verdiana não faz a coisa por menos, como disse em conversa com a VISÃO: “É uma sensação sem preço, vai ser um momento muito especial, para o qual estou a preparar o concerto da minha vida.”
O espetáculo servirá para apresentar o último álbum, Badiu, que classifica como a sua “obra mais honesta”, resultado de “uma entrega muito especial”. O disco é dedicado ao povo da ilha de Santiago, de onde os pais são naturais, conhecido como badius, um nome, outrora depreciativo, usado para designar os escravos do continente africano que escapavam aos captores, para irem viver no Interior da ilha, e que hoje é símbolo de resistência e de orgulho nacional.
Este trabalho é, também por isso, uma viagem pela História da mais africana das ilhas de Cabo Verde, feito a partir do batuku, género musical feminino e tradicionalmente badiu, censurado durante a época colonial, que Dino d’Santiago coloca a dialogar com outros universos musicais, como a eletrónica ou o hip-hop, a exemplo do que já antes havia feito com o funaná, numa afirmação da herança africana da nação crioula, olhando para o futuro através do passado. “Este disco permitiu-me resgatar a História do meu povo”, diz. “E poder contá-la agora, na sala mais importante da capital, é uma sensação única. É como se o universo estivesse a dizer-me que está tudo certo.”
Dino d’ Santiago > Coliseu dos Recreios > R. das Portas de S. Antão, 96, Lisboa > T. 21 324 0580 > 2 abr, sáb 20h30 > €20 a €22