1. Francis Smith: Em Busca do Tempo Perdido, Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado
Há nomes injustamente esquecidos na história da pintura portuguesa e Francis Smith (1881-1961) é um deles. Nascido em Lisboa, cedo emigrou para França, país onde se afirmou como pintor modernista e ganhou o respeito e a simpatia de críticos e galeristas franceses, como a perspicaz Berthe Weil e o vanguardista Louis Vauxcelles, responsável pela criação do termo fauvismo. No panorama artístico português, o seu registo figurativo foi renegado para segundo plano, com o seu trabalho caracterizado como um simples “postal da saudade” de todos os portugueses que emigraram durante os longos anos do Estado Novo.
Com o objetivo de mostrar que a memória do artista português (naturalizado francês na década de 1930) vai muito para lá da saudade, o Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado tem patente, até 3 de outubro, a exposição Francis Smith: Em Busca do Tempo Perdido, criada em parceria com o Instituto da História da Arte e a Universidade Nova de Lisboa. Entrecruzando a memória da sabedoria e das tradições populares portuguesas com o quotidiano francês, a obra de Smith – aqui organizada de acordo com a investigação realizada por Jorge Costa, curador da exposição – reflete a ingenuidade imprimida pelo modernista na sua obra. Influenciado pela escrita memorialística do francês Marcel Proust, o artista apresenta uma visão única do passado e presente do seu tempo, marcada pelo seu individualismo e pela pureza do olhar infantil que adota. Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado > R. Serpa Pinto 4, Lisboa > T. 21 343 2148> até 3 out, ter-sex 10h-18h, sáb-dom 10h-14, 15h-18h > €4,50 dom e feriados entrada gratuita até às 14h
2. A Coleção Utópica – O Museu do Caramulo vem ao MNAA, Museu Nacional de Arte Antiga
Encerrado para obras, o Museu do Caramulo levou algumas das suas obras mais emblemáticas no Museu Nacional de Arte Antiga. Ao primeiro quadro de Picasso exposto em Portugal, juntam-se trabalhos de Amadeo, Vieira da Silva, Eduardo Viana, a par de nomes mais antigos como Frei Carlos, Grão Vasco e Quentin Metsys. Para divulgar a pluralidade do acervo da instituição fundada por Abel de Lacerda, a mostra A Coleção Utópica apresenta ainda objetos de artes decorativas, porcelana chinesa, arte Namban e um Bugatti, este referente à coleção automóvel, única em Portugal. S.S.C. Museu Nacional de Arte Antiga > R. das Janelas Verdes, Lisboa > T. 21 391 2800 > até 26 set, ter-dom 10h-18h > €6, estudantes e maiores 65 anos €3, dom grátis
3. Sanatorium, MAAT
A pandemia veio pôr a saúde mental na ordem do dia e não há melhor veículo para debater e despertar consciências do que a arte. Com passagens pelo Museu Guggenheim e pela Documenta Kassel, e agora reinterpretado no espaço do MAAT, o projeto Sanatorium surgiu há dez anos pela mão do mexicano Pedro Reyes e, desde aí, que a sua premissa se revela promissora: entrecruzar arte e psicologia, sem se perder rigor científico nem liberdade artística. Guiados por cidadãos comuns, sem qualquer formação na área da saúde mental, os visitantes desta exposição têm a oportunidade de passar por terapias placebo, como a gestão da raiva, a meditação e a vacina contra violência, inspiradas em base científica (como a hipnose e a psicologia de Gestalt) e em conhecimento de outras áreas do nosso quotidiano, desde o teatro à sabedoria popular. O objetivo é alertar para as patologias decorrentes da velocidade frenética dos grandes centros urbanos contemporâneos e quebrar preconceitos em relação à necessidade e às diferentes formas de terapia. “Queremos que a Sanatorium seja um espaço de encontro, diálogo, partilha entre terapeutas e pacientes e, principalmente, se torne transformador tanto do ponto de vista artístico, como pessoal e social”, contou Inês Grosso, curadora da exposição, à VISÃO Se7e. MAAT – Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia > Av. Brasília, Lisboa > T. 21 002 8130 > até 20 set, qua-seg, 11h-19h > €9 (Central + MAAT), €6 maiores 12 anos, estudantes e maiores 65 anos
4. 100 Anos Nadir, Biblioteca Nacional de Portugal
Celebra o centenário do nascimento de Nadir Afonso (1920-2013) e apresenta uma panorâmica abrangente dos vários períodos criativos do artista. 100 Anos Nadir está até ao final de outubro na Biblioteca Nacional, e apresenta um conjunto de 115 trabalhos que, entre obras e estudos, inéditos e conhecidos, constrói uma retrospetiva pelas mais de sete décadas de atividade do pintor e arquiteto português. De influência surrealista e barroca, Nadir Afonso criou uma vasta obra em torno da conceção objetiva da arte e da crença de que esta se regia por leis matemáticas da natureza, como a geometria. Exemplo disso são as pinturas Espacilimités, em destaque na exposição e criadas após uma passagem do artista pelo Brasil, onde trabalhou de perto com o grupo vanguardista da arte cinética, liderado pelo arquiteto Óscar Niemeye. Nestas, formas curvas e convexas, ogivas e polígonos espraiam-se em fundos brancos, construindo, de uma forma quase natural e espontânea, as cidades geométricas a que Nadir Afonso nos habituou nas suas criações. Biblioteca Nacional de Portugal > Campo Grande, 83, Lisboa > T. 21 798 2168 > até 30 out, seg-sex 9h30-19h30, sáb 9h30-17h30 > grátis
5. Oitavas da Oficina – José Aurélio: Joalharia, Sociedade Nacional de Belas-Artes
“Nas formas que engendra tem ofício/ de conjugar silêncio e desperdício”. Assim termina o poema redigido por Vasco Graça Moura em homenagem a José Aurélio, Oitavas da Oficina, nome da exposição que celebra, até ao dia 22, a obra do artista visual português na Sociedade Nacional de Belas-Artes. Integrada na iniciativa fora de portas do MUDE – Museu do Design e da Moda e na 1.ª Bienal de Joalharia Contemporânea, a mostra reúne algumas das mais aclamadas esculturas do português – como os trabalhos criados para dedos e lapelas – ao mesmo tempo que mergulha a fundo (e de uma forma quase inédita) nas suas peças de joalharia. Com o objetivo de ir para lá das construções elaboradas por José Aurélio, que nos habituámos a ver no espaço público (como a Espiral do Tempo, em Almada), a exposição apresenta uma retrospetiva desde as suas primeiras experiências, em 1958, no estúdio SECLA, nas Caldas da Rainha, até às últimas peças de joalharia. Além de manifestações das vivências amorosas e políticas de Aurélio, as criações são também um hino à sua versatilidade: desde ouro e cerâmica vidrada ao plástico e chumbo, a joalharia do criador português tanto inclui materiais nobres como produtos do quotidiano. Sociedade Nacional de Belas-Artes > R. Barata Salgueiro, 36, Lisboa > T. 21 313 8510 > até 22 set, seg-sex 12h-19h, sáb 14h-19h > grátis
6. Burning with Desire to see your Experiments from Nature, Estufa Fria
A frase Burning with Desire to see your Experiments from Nature, incluída numa carta escrita, em 1828, por Daguerre ao seu companheiro Niepce (ambos inventores e estudiosos da fotografia), serve de título e ponto de partida da mais recente exposição do Colectivo Imagerie. Patente na Estufa Fria até ao dia 30, assume-se como uma experiência de exploração da arte da fotografia e dos seus diferentes processos. Através da estrutura tripartida da Estufa (Fria, Quente e Doce), a exposição apresenta uma tríade interligada e complementar entre as obras de fotografia experimental de José Domingos, Magda Fernandes (os dois fundadores do Colectivo Imagerie) e Sofia Berberan. Aliando a curiosidade de observar e captar a Natureza à utilização de diferentes técnicas estéticas e às condições do espaço (como a humidade e a luz), conduzem-nos por uma viagem sensorial sobre o papel mediador do fotógrafo, os diferentes pontos de vista do fenómeno fotográfico – quem disse que a natureza circundante não podia ser captada pelos olhos de uma pedra? – e o ciclo de vida, de morte e de regeneração do meio-ambiente. Estufa Fria > Parque Eduardo VII, Lisboa > T. 21 817 0996 > até 30 set, seg-dom 10h-19h > €3,10 (bilhete de entrada)
7. Histórias de um Império, Museu do Oriente
Percorram-se cerca de seis séculos, contemplem-se as 150 peças pertencentes à Coleção Távora Sequeira Pinto, agora patentes em Histórias de um Império. Acervo dedicado à “cultura material” resultante da Expansão Marítima portuguesa no Oriente, esta exposição evoca encontros, influências, aculturações (mais ou menos “diplomáticas”, mais ou menos musculadas) entre portugueses e asiáticos, sob a forma de objetos preciosos. Abordando a “arte de colecionar”, evocando a tradição europeia dos Gabinetes de Curiosidades – as coleções de objetos e espécimes exóticos, precursoras dos museus –, aqui se revelam cofres de rendilhados delicados, caixas de laca ou madeiras exóticas, figuras adornadas de coral ou esculpidas em marfim (como um expressivo e paradoxal menino Jesus namban do século XVI), móveis contadores, biombos e oratórios, uma pedra de bezoar (pedras investidas de poderes curativos), cadeiras e custódias, olifantes e relicários, adagas e polvorinhos, um caquesseitão mitológico de que falou Fernão Mendes Pinto… Podemos já não olhar estes tesouros com inocência, mas o fascínio persiste. S.S.C. Museu do Oriente > Av. Brasília, Doca Alcântara Norte > T. 21 358 5200 > até 2 out, ter-qui 10h-18h, sex 10h-20h, sáb-dom 10h-18h > €6