A envolvência é dada pelos canais da ria de Aveiro, a marcar de forma tão particular a cidade. O Festival dos Canais aproveita este cenário para construir uma programação que vive muito (mas não só) dos espetáculos de rua e da proximidade com o público. “Temos esta dimensão do espaço público, valorizando praças, jardins e equipamentos culturais da cidade”, sublinha José Pina, responsável pela programação.
A ligação forte com o público, construída ao longo de quatro edições, levou a organização a manter máximo possível da programação que já estava a ser pensada, adaptada aos tempos de pandemia. “Seremos dos primeiros festivais do País a passar por esta experiência, mas é um desafio aliciante e motivador, porque estamos a contribuir para o relançamento das dinâmicas culturais”, aponta o programador. A entrada é gratuita, sujeita às limitações impostas pela segurança, tendo os bilhetes que ser levantados na bilheteira do Teatro Aveirense.
A identidade do Festival dos Canais foi preservada, nomeadamente a aposta na criação artística contemporânea. “O programa terá coproduções, algumas delas a estrear aqui, além de encomendas a artistas e companhias, tendo por base matérias da agenda local, nacional ou internacional, como as alterações climáticas, a sustentabilidade ou a inclusão”, refere José Pina.
Entre as estreias, destaque para O Outro, de João Paulo Santos, mestre do mastro chinês e uma das figuras com mais destaque do circo contemporâneo português, que conta com a participação do dançarino de hip hop Iliass Mjouti. O espetáculo decorre no Rossio, desta sexta, 17, a domingo, 19, em vários horários. Entre as propostas mais originais está Ilhas Suspensas, a criação de Wura Moraes e Daria Efrat, que propõe um “percurso a bordo de um barco pela ria de Aveiro, ao longo de uma paisagem silenciosa e contemplativa”, com o público a cruzar-se com diferentes performances site specific (18-19, 25-26 jul, sáb-dom às 12h e 18h, já com algumas apresentações esgotadas).
Este ano, a criação local será reforçada, enquanto forma de “potenciar o território”, sublinha o programador. É o caso de Isto Aconteceu de Repente – Distorção, o novo espetáculo da companhia Red Cloud Teatro de Marionetas, com texto de Jorge Louraço Figueira, uma peça com marionetas, atriz, cinema de animação e vídeo, “em torno da venda do último bilhete para a última volta no carrossel”, para ver no Teatro Aveirense (24-26 jul, sex-dom).
No pátio do Conservatório de Música de Aveiro Calouste Gulbenkian, decorrerá o cine-concerto Surdina, a partir do filme do realizador Rodrigo Areias, com música de Tó Trips e argumento de Valter Hugo Mãe (16 jul, qui 22h30). A maior lotação será a do recinto com 630 lugares (devidamente distanciados) da Praça Marquês do Pombal, onde decorrerão os concertos de Dino D’Santiago (18 jul, sáb), Cuca Roseta (24 jul, sex) e do saxofonista Henk Van Twillert com Hélder Moutinho (25 jul, sáb), sempre às 21h30. Em versão mais intimista serão os concertos da Orquestra Filarmonia das Beiras, ao final da tarde, às 19h30, no claustro da Misericórdia (dias 19, 25 e 26 jul).
De referir, ainda, as instalações que invadem a cidade, como as do projeto City Lab, com duas criações: Totems, de Alijia Biala e Iwo Borkowicz, no Jardim do Rossio; e We Are All in the Same Boat, de Samuel Zealy, no largo do Parque da Cidade. Já no canal central, com a água como protagonista, será a apresentação de Wave Shape (18-19 jul, sáb-dom), uma fusão de escultura, som, instalação e dança, interativa, com o público a ler um conjunto de códigos QR distribuídos pelo local. Uma forma curiosa de promover a paisagem.
Festival dos Canais > Aveiro > 16-19, 24-26 jul, qui-dom > grátis, levantamento de máximo de dois bilhetes no Teatro Aveirense > festivaldoscanais.pt