Sempre muito ativos nas redes sociais, Manuela Matos Monteiro e o marido, João Lafuente, que em 2013, abriram o Espaço Mira (galeria) e o Mira Fórum (centro multimeios), em dois armazéns, em Campanhã, no Porto, continuam a programar, apesar do confinamento. Agora, diariamente, na rede. “Neste período, em que a comunidade está recolhida, continuamos a ir muito além do Porto”, refere Manuela Matos Monteiro. “Foi só olhar o imenso património documental, com centenas de conferências, debates, conversas e entrevistas com artistas sobre temáticas atuais, e selecionar longas horas para mostrar.” Mas há mais.
Além de continuar a comunicar através de uma newsletter semanal e a enviar convites para cada encontro, o Espaço Mira tem um ciclo expositivo, com inaugurações às quartas e aos sábados, às 21 horas, na página da galeria e no Facebook. Neste ciclo, a que chamaram Fora o Inverno, já era Primavera, o Verão Seria Glorioso, há performance, vídeo, cinema, música e som. Com curadoria de José Maia e João Terras, a mostra de criações artísticas concentra-se no atual período de “passagem e transição”. Um estado “único, disruptivo, fraturante e modificador”, ao qual procuram agarrar-se e chegar a toda a comunidade, através de uma “linguagem múltipla e plural.”
Depois de o ensaio cinematográfico de André Sousa e João Sousa, e de Soul Blindness, filme de Margarida Paiva, neste sábado, 11, será projetado Deadpan (The Forgotten Mask), do artista plástico Paulo Mendes. Para quarta, 15, está marcada uma apresentação com música e vídeo de Ana Deus e Paulo Ansiães Monteiro. O alinhamento do ciclo, que decorrerá até 9 de maio, inclui ainda nomes como Maria Miguel von Hafe, Nelson Duarte, Fernando Sebastião, Celeste Cerqueira e Silvestre Pestana.
Em paralelo, decorrem as Narrativas Visuais da Quarentena 2020, onde reúnem fotografias, vídeos e textos que retratam o isolamento social. “O mundo real mudou, o nosso mundo agora é a nossa casa, não é a praia, a rua ou a cidade. Nela procuramos uma estética que não víamos antes”, explicam. Mais do que um registo artístico, para mostrar quadros nas paredes, procura-se uma outra estética para registar, seja na gaveta dos talheres seja na cenoura em cima da tábua da cozinha. Os trabalhos deste grupo, que está aberto à participação de todos, resultará numa exposição física na galeria e serão publicados em livro. O mais breve quanto possível.
Ciclo expositivo Espaço Mira > miragalerias.net/mira-forum, www.facebook.com/MIRA-FORUM > qua, sáb 21h