Por um lado, estreia-se Cinzas e Brasas, curta-metragem de Manuel Mozos; por outro, Bostofrio, o primeiro documentário de Paulo Carneiro. Mozos, que recentemente estreou um documentário televisivo sobre Sophia de Mello Breyner, construiu um objeto intrigante e belo. Alegadamente baseado em factos verídicos da vida da escritora Dulce Maria Cardoso, com argumento escrito pelo seu ex-marido Luís Mário Monteiro Lopes, conta a história de uma paixão assolapada de uma escritora por um presidiário. Os factos remetem para o romance de estreia de Dulce, Campo de Sangue (2002). É um filme com uma intensidade pictórica e uma beleza poética que o aproxima da literatura.
Bostofrio, où le ciel rejoint la terre é a primeira aventura cinematográfica de Paulo Carneiro, que costuma trabalhar com João Viana. Num documentário pessoal, assistimos à deriva do realizador em busca da identidade e personalidade do avô numa aldeia transmontana. Avô este que ele nunca conheceu e que não reconheceu a paternidade do seu pai. Assim, o tema dos filhos incógnitos acaba por dominar a longa-metragem, em que deparamos com personagens caricatas e surpreendentes, de um mundo rural oculto ou em vias de extinção. Uma obra que, sobretudo, dá boas indicações sobre o seu jovem realizador.
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Cinzas e Brasas > de Manuel Mozos, com Isabel Ruth, Gustavo Sumpta, Ana Ribeiro > 21 minutos > Bostofrio > de Pedro Carneiro, documentário > 70 minutos