Parte do acervo de Eduardo Souto de Moura estava à guarda da Casa da Arquitetura há dez anos, mas em maio foi-lhe acrescentado um número impressionante de obras. Em depósito no Centro Português de Arquitetura estão, agora, 8 863 peças desenhadas em formato analógico, 801 maquetas, 188 cadernos, entre três centenas de fotografias e dossiers. Um espólio precioso de 40 anos de trabalho e dos 800 projetos realizados pelo arquiteto do Porto que, entre vários prémios, venceu o Pritzker em 2011 e o Leão de Ouro na Bienal de Arquitetura de Veneza em 2018.
É desse arquivo que sai a exposição que inaugura nesta sexta, 18, e ocupará, durante um ano, a Nave Expositiva e a Galeria da Casa –, a maior alguma vez feita sobre a obra de Souto de Moura que resume quatro décadas em 40 obras. “A grande dificuldade foi excluir”, confessa o arquiteto Nuno Graça Moura, curador de Souto de Moura – Memória, Projetos, Obras, juntamente com o crítico italiano Francesco Dal Co. “É uma exposição parcial e será sempre incompleta. Mas julgo que as obras que não estão lá estão incluídas nas que estão”, diz o arquiteto, acreditando que qualquer uma reflete “as influências do pensamento do arquiteto” e as suas referências: “Por um lado, o classicismo dos séculos XVIII e XIX, por outro, de arquitetos como o alemão Mies van der Rohe ou os suíços Herzog & de Meuron.”
O percurso expositivo sugere que se comece pela obra mais recente, a capela desenhada para o Vaticano e para a Bienal de Veneza, e que se termine na mais antiga (de 1979/80): a ruína em Vieira do Minho. Pelo meio, estão maquetas, desenhos, fotografias; no fundo, “as cambalhotas, contradições e indecisões por que um arquiteto passa até chegar ao resultado final”, sublinha o curador. Podem observar-se os processos construtivos da Casa das Histórias Paula Rego, da Herdade do Barrocal, da Barragem do Tua, da antiga Casa do Cinema Manoel de Oliveira, da Pousada Santa Maria do Bouro, do Metro do Porto e, entre outros, do Estádio Municipal de Braga. Além de obras em curso: três casas, uma adega, a remodelação do Mercado de Amarante e o projeto para a Estação de São Bento, no Porto.
Do programa paralelo à exposição constam visitas guiadas, conversas e debates, um dos quais irá pôr Álvaro Siza a falar da obra de Souto de Moura (11 janeiro 2020). Curiosamente, no dia anterior, será Souto de Moura a discutir, no Museu de Serralves, a obra de Siza.
Souto de Moura – Memória, Projetos, Obras > Casa da Arquitetura – Centro Português de Arquitetura > Av. Menéres, 456, Matosinhos > T. 22 240 4663/4 > 18 out-set 2020, ter-sex 10h-18h, sáb-dom e feriados 10h-19h > €8