Uns saltos altos, encontrados num banco de rua, levaram Costa Magarakis a fantasiar sobre a quem tinham pertencido e por onde tinham passado. O artista grego, a viver em Telaviv, não resistiu a contar a sua história, com doses extras de surrealismo e excentricidade. “Acredito que cada sapato tem uma personalidade própria”, confessa. As memórias da infância, o grotesco e, sobretudo, o lado sombrio da época vitoriana, são fonte de inspiração recorrente dos seus sapatos-escultura. Em São João da Madeira, a exposição Costa Magarakis. (Im)Possibilidades Fantásticas, no Museu do Calçado, a partir desta sexta, 11, dá a conhecer este imaginário.
Todas as peças nascem de materiais recolhidos na rua ou encontrados em mercados de segunda mão, incorporando-se nos sapatos outros elementos retirados de brinquedos, mobiliário ou mecanismos. Entre as influências artísticas, contam-se movimentos como o Surrealismo e a Pop Art, filmes de Hitchcock, Roger Vadim e Tim Burton, ou livros de Júlio Verne, Mary Shelley e Edgar Allan Poe. “Às mãos de Costa Magarakis, os mais variados modelos de sapatos de salto, sapatilhas, grandes botas e até patins transformam-se em objetos híbridos e realistas que simulam o corpo de um animal, veículos marítimos, elementos arquitetónicos ou até a mais bizarra das criaturas”, escreve Joana Galhano, diretora do Museu do Calçado, no texto que acompanha a exposição.
No Museu da Chapelaria, também com inauguração marcada para esta sexta, 11, está patente Marianne Jongkind. 55 anos de Chapéus de Alta-Costura, mostra dedicada a uma das mais reconhecidas designers de chapéus na Holanda, tendo trabalhado com designers de alta-costura como Ronald van der Kemp e feito criações para a família real holandesa (recebeu, inclusive, o grau de Cavaleiro da Ordem de Orange-Nassau). “A minha principal fonte de inspiração é a arquitetura, adoro linhas elegantes e formas geométricas. Além disso, inspiro-me nos materiais que uso – as suas qualidades e cores. […] Em tudo o que eventualmente faço, busco sempre a perfeição técnica; é essa a minha marca”, descreve Jongkind. A exposição revela alguns dos seus chapéus mais extravagantes, sempre feitos à mão, com uma mestria única.
Marianne Jongkind. 55 anos de Chapéus de Alta-Costura > Museu da Chapelaria > R. Oliveira Júnior, 501, São João da Madeira > T. 256 201 680 > Costa Magarakis. (Im)Possibilidades Fantásticas > Museu do Calçado > R. Oliveira Júnior, 591, S. João da Madeira > T. 256 004 006 > 11 out-3 mai 2020, ter-sex 9h-12h30, 14h-18h, sáb 10h-13h, 14h-18h, dom 10h30-12h30, 14h30-18h > €2, dois museus €3