Os ouvintes mais atentos às novas tendências da folk norte-americana (ou, em concreto, àquilo a que se convencionou chamar de indie folk) já há muito ouviram falar deste guitarrista, que apesar da extensa obra publicada em nome próprio se tornou mais conhecido como companheiro de Kurt Ville nos The Violators. Desde o trabalho de estreia homónimo, lançado em 2007, o percurso a solo do músico de Filadélfia radicado em Brooklyn foi sempre mais visto como uma excentricidade do que propriamente como uma carreira.
Tudo isso mudou há três anos, com o disco Eyes on the Lines, o primeiro editado pela Matador Records, no qual demonstrou, de vez, o excelente escritor de canções que também é. Nada que o público dos seus concertos já não soubesse. Afinal, é na estrada, onde passa a maior parte do tempo, que melhor exercita essa capacidade, elevada a um novo expoente no último disco, The Unseen in Between, editado no início do ano. Segundo o próprio, trata-se do seu registo “mais pessoal”, criado durante um “período de reflexão”, após a morte do pai, que acabou por dar uma nova direção à sua música, com a voz a ganhar mais protagonismo em relação à guitarra.
E, à boleia dessa mudança, Steve Gunn assumiu-se não só como o tal excelente escritor de canções mas também como uma das principais figuras do novo rock norte-americano – o seu “segredo mais bem guardado”, como em tempos a revista Rolling Stone escreveu. Um segredo cada vez menos secreto, e ainda bem.
Steve Gunn > ZDB > R. da Barroca, 59, Lisboa > T. 21 343 0205 > 4 set, qua 22h > €10