O (festival) silêncio é uma festa

1. A ocupação do Cais do Sodré
Serão mais de 20, os locais no Cais do Sodré, entre cafés, lojas, galerias, discotecas e espaços ao ar livre, a receber a quarta edição do Festival Silêncio, num total de cerca de 200 iniciativas de música, performance, cinema, exposições, conferências, conversas, literatura, intervenções e oficinas. Tudo de entrada livre.

2. Com que voz
A palavra em destaque este ano será a Voz, enquanto expressão e urgência, que terá dedicada a si um vasto programa. Destacam-se, por exemplo, as Conferências do Silêncio, como a do filósofo camaronês Achille Mbembe, que falará da noção de inimigo num Estado securitário e como isto redefine o ser humano. Outro ponto alto será o Recital Popular II – Vozes Silenciosas, uma proposta de Margarida Mestre à comunidade do bairro, para desvendar, através da sua voz e do seu falar, os recantos privados de quem aqui vive e trabalha.

3. A escrita de Llansol
Como é habitual, haverá um Ciclo Autor, que nesta edição é dedicado ao universo da escritora lisboeta Maria Gabriela Llansol, falecida em 2008. Com curadoria do Espaço Llansol, celebra a obra da autora, dando-a a conhecer através de um conjunto de propostas em diálogo sobre e com a sua escrita. É o caso da exposição Cenas Fulgor, que apresenta diversas possibilidades de diálogo entre o texto de Llansol e as artes plásticas, com obras de Rui Chafes, Pedro Proença, Ilda David, Duarte Belo ou Teresa Huertas.

4. Os filmes
No cinema, regressa o Poetry Film, com mais uma edição da mostra competitiva Isto Não É Um Filme É Um Poema, que este ano contou com mais de uma centena de inscrições de todo o mundo. De realçar ainda o novo Ciclo Filmin, uma parceria com o Filmin Portugal, que explora a desconexão entre a imagem e a voz e a sua própria independência como elementos comunicativos no cinema.

5. As músicas
O Palco do Jardim, no Jardim D. Luís, volta a ser um dos epicentros do festival. É aí que será apresentado o concerto Os Velhos Também Querem Viver, criado para o Festival Silêncio a partir do texto homónimo de Gonçalo M. Tavares, com direção musical de Pedro Lucas e as participações de Carlão, Selma Uamusse, Manuela Oliveira, Joana Alegre e Carlos Barreto. De sublinhar ainda a apresentação do novo projeto de Capicua e Pedro Geraldes e o espetáculo de Bruno Pernadas.

6. No ar
Uma das novidades desta quarta edição é a Rádio Silêncio, um projeto antigo que finalmente sai da gaveta. Terá direção artística do músico e produtor Pedro Coquenão e pretende assumir-se como um espaço complementar de criação, experimentação e programação dentro do próprio festival, que estará no ar durante quatro dias, com cinco quilómetros de raio na cidade de Lisboa, mas disponível em todo o planeta, através da emissão online.

7. À conversa
O que também promete dar que falar são as Conversas do Silêncio, entre o anfitrião Miguel Somsen e outros dois intervenientes. O objetivo é reagir e interpretar a atualidade, de uma forma imediata, espontânea e provocadora, como se percebe pelos temas em discussão: Lisboa Está na Moda, mas a Moda Estará em Lisboa?, O Futebol São os Grandes Mas o Resto É Carne Para Canhão? e Lisboa Hoje, Turismo É Igual a Terrorismo?