Para ver mundo, nem sempre é preciso apanhar um avião. E se é verdade que uma imagem vale mais que mil palavras, na oitava edição do Prémio Estação Imagem há histórias e mundo, em fotografia, de muitos lugares. Da Coreia do Norte a Gaza, da Turquia ao Gerês, passando pelo mosaico de migrações, de deslocados e refugiados, num longo percurso, sem sair de Viana do Castelo.
Depois de revelar a América de Christopher Morris, em 2016, o Estação Imagem converte-se este ano em festival e mete o pé no calendário internacional da fotografia. Com trabalhos de Tanya Habjouqa, David Guttenfelder, Yannis Behrakis, Filipe Dana, Bruno Simões Castanheira e de 22 premiados fotógrafos da Agência Magnum são seis as exposições que se inauguram esta terça-feira, 4.
“Não me lembro de ver em Portugal, e já ando nisto há muito tempo, exposições tão fortes como as que este ano apresentamos”, diz Luís Vasconcelos. Para o diretor do Estação Imagem tal facto não se deve apenas ao peso dos nomes envolvidos, mas às histórias contadas por eles. É assim em Prazeres sob Ocupação (Museu de Artes Decorativas, até 4 mai), de Tanya Habjouqa, que “retrata o papel das mulheres e a forma como vivem” em lugares difíceis como Gaza e Jerusalém. Contra todas as circunstâncias e, apesar da ameaça de violência eminente, elas continuam a cuidar da família e de si próprias.
Com David Guttenfelder, nomeado pela Revista Time como fotógrafo do ano do Instagram, espreitamos o quotidiano da Coreia do Norte – o repórter foi dos poucos a conseguir lá entrar –, e também dos Estados Unidos, país onde nasceu. Em Regresso a Casa (Antigos Paços do Concelho, até 26 abr), David Guttenfelder “cria um certo incómodo, porque há semelhanças entre os dois países”, observa Luís Vasconcelos, para quem esta foi a exposição do Visa Pour l’ Imagem, o festival de Perpignan (França), que mais gostou em 2016, por “sair fora dos cânones da fotografia”.
No Museu do Traje, as fotografias de Yannis Beharakis, repórter da agência Reuters, reunidas em Caminhos de Esperança e Desespero, mostram a travessia de refugiados, com foco na humanidade. Com Filipe Dana viajamos até ao Nordeste do Brasil onde surgiram os primeiros casos de vírus Zika (Espaço Linha do Norte, até 4 mai) e com Bruno Simões Castanheira, em Lugares de Silêncio, vamos até ao Gerês de paisagem exuberante, poucas pessoas, espigueiros e abrigos de montanha (Antigos Paços do Concelho, até 26 abr). Sem ordem histórica ou geográfica, Exílio (Espaço Linha Norte, até 4 mai) partilha destinos de deslocados e refugiados pela objetiva de 22 fotógrafos da Agência Magnum, em diversos conflitos internacionais dos últimos 70 anos.
Presidido por Francis Kohn, diretor de fotografia da agência France Press, o júri vai escolher, de entre 270 reportagens e 110 trabalhos submetidos a concurso, a Fotografia do Ano e o Prémio Estação Imagem, cabendo ainda atribuir os prémios aos fotojornalistas em sete categorias (Notícias, Assuntos Contemporâneos, Vida Quotidiana, Artes e Espectáculos, Ambiente, Série de Retrato e Desporto). A cerimónia acontece no sábado, 8.
Depois de tudo isto, e se ainda tiver fôlego, há um slideshow de fotojornalismo internacional para ver no Teatro Municipal Sá de Miranda, um mercado do livro (sáb, 8 10h30-22h), filmes e mais sete exposições de fotografia de autores portugueses, como Paulo Alegria e João Pedro Marnoto, produzidas pela AISCA (Associação de Intervenção Social, Cultural e Artística), em diversos lugares do centro histórico. “Viana é o único destino para o fotojornalismo em Portugal, não estou a ver outro”, remata Luís Vasconcelos
Estação Imagem Viana do Castelo > Museu de Artes Decorativas > Lg. de S. Domingos, Viana do Castelo > T. 258 809 305 > até 4 mai, ter-sex 10h-18h, sáb-dom 10h-13h, 15h-18h > Antigos Paços do Concelho > Pç. da República, Viana do Castelo > T. 258 809 300 > até 26 abr, ter-sex 10h-18h, sáb-dom 10h-13h, 15h-18h > Museu do Traje > Pç. da República, Viana do Castelo > 258 809 300 > até 4 mai, ter-sex 10h-18h, sáb-dom 10h-13h, 15h-18h > Espaço Linha Norte > Estação Viana Shopping, Viana do Castelo > T. 258 100 500 > até 4 mai, seg-dom 10h-18h > grátis