O desafio é atravessar com uma única linha contínua todas as paredes de um retângulo dividido em cinco divisões – ainda ninguém encontrou a solução deste 5 Room Puzzle, mas há décadas que se continua a tentar. É mais ao menos isso que se passa em palco na nova coreografia de Tânia Carvalho, Glimpse – 5 Room Puzzle: dois bailarinos, Luís Guerra e Marta Cerqueira, tentam encaixar os seus movimentos um no outro sem nunca ficarem satisfeitos com o resultado – e sem nunca desistirem.
“Comecei por criar uma frase de movimento para cada bailarino e depois retalhei-a de várias formas. A ideia inicial era essa tentativa de encaixe de dois movimentos construídos separadamente”, revela Tânia Carvalho, que entra também em cena, não tanto como bailarina mas mais como “uma personagem, uma criatura”, em torno daquele dueto. “Para mim, esse terceiro elemento são todas as coisas que não se conseguem explicar, que não se veem e funciona como um ponto de fuga”, diz.
Em palco, os corpos vestidos de preto vão criando desenhos no espaço branco, tudo pensado ao pormenor ou não fosse esta uma coreografia de Tânia Carvalho. “Queria fazer desenhos que traduzissem beleza, mesmo que quem está a dançar não se aperceba dela”, descreve. O puzzle de uma relação e a impossibilidade constante de nos encaixarmos, de nos entendermos uns aos outros. Teremos sempre apenas vislumbres, como diz o título.
Glimpse – 5 Room Puzzle > Teatro Municipal Maria Matos > Av. Frei Miguel Contreiras, 52, Lisboa > T. 21 843 8800 > 26-28 jan, qui-sáb 21h30 > €5 a €12