A Coisa, aquela mão direita amputada, cheia de cicatrizes, vai andar sempre por perto de Wednesday Addams. É na adolescente desta família aristocrática e excêntrica, com uma obsessão por coisas mórbidas, que se centra a nova série realizada por Tim Burton, a primeira incursão do cineasta na ficção televisiva.
Os outros da sua idade veem-na como uma aberração, mas Wednesday não se intimida. Ouvir uma jovem, para quem a emoção é fraqueza, recusar ser escrava da tecnologia, porque “as redes sociais são um vazio sorvedouro de almas de afirmação inútil”, só mesmo numa ficção.
Inadaptada ao liceu comum (passou por oito escolas em cinco anos), Wednesday muda-se para a Academia Nevermore, a escola perfeita para ela, onde estará entre pessoas que a compreendem, como os vampiros (Fangs) ou os lobisomens (Furs).
Mesmo para os espectadores que, eventualmente, não estejam familiarizados com o universo que começou nas ilustrações assinadas pelo cartoonista Charles Addams na revista The New Yorker entre 1938 e 1988, a empatia com uma miúda pálida, de longas tranças pretas, é possível. Muito se deve à estética sombria e bem-humorada de Tim Burton, realizador de filmes como Eduardo Mãos de Tesoura, Charlie e a Fábrica de Chocolate, A Noiva Cadáver, Ed Wood.
Em A Família Addams, com várias adaptações ao cinema (1991, 1993, 1998 e 2019), a primeira atriz a desempenhar Wednesday foi Christina Ricci, que na série passa o papel a Jenna Ortega, mas entra no elenco como funcionária do colégio. Catherine Zeta-Jones e Luis Guzmán são Morticia e Gomez, os progenitores, que ensinaram Wednesday a domesticar um escorpião, a cavar sepulturas, a nadar com tubarões e a esfolar uma cascavel. Ferramentas para ser forte e independente.
Wednesday > Netflix > 8 episódios