Margarida Cardoso tem dedicado uma parte importante da sua carreira a explorar os universos coloniais e pós-coloniais da África lusófona. E tem-no feito alternando registos ficcionais, como A Costa dos Murmúrios ou Yvone Kane, com documentais como Kuxa Kanema – O Nascimento do Cinema e Understory. Em Sita – A Vida e o Tempo de Sita Valles faz uma proposta documental sobre uma personagem com grande potencial de ficção. Sita Valles foi uma guerrilheira antifascista, graciosa, carismática e dinâmica, que acabou assassinada em circunstâncias misteriosas durante a guerra civil de Angola.
O filme de Margarida é resultado de uma longuíssima investigação, em que a realizadora abriu muitas caixas fechadas e feridas por sarar na recente História de Angola. Sita é uma figura mítica, sobre a qual restará sempre uma aura de admiração e mistério. Contudo, como o nome indica, o filme vai além de uma abordagem biográfica. Esta investigação serve, em grande parte, para falar do contexto, do mundo em volta. Talvez seja um gesto de justiça poética, procurando através do cinema alcançar o que a realidade e o poder não querem assumir. Depois da estreia nas salas de cinema, o documentário chega à televisão nesta quinta, 26, na RTP2.
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Sita – A Vida e o Tempo de Sita Valles > De Margarida Cardoso, com Beatriz Batarda (narração), documentário > 167 min > RTP2 > 26 mai, qui 23h02