Este não é um programa feminista, faz saber desde logo a jornalista Sílvia Alves, coautora de Mulheres que Contam, com Maria do Carmo Figueiredo, ligada aos serviços institucionais da RTP. Trata-se, sim, de mostrar como as mulheres são bem-sucedidas em mais do que uma área e que transportam o facto de serem mulheres e mães como uma mais-valia para a carreira profissional, dando-lhes um poder negocial maior. “O programa não é para dizer ‘Olha, esta mulher a fazer o trabalho de um homem’. Isso já aconteceu na I Guerra Mundial, tem 100 anos de atraso”, lembra Sílvia.
De todas as conversas que tem tido – até porque o número de episódios ainda não está definido –, Sílvia Alves destaca “o enorme foco” das entrevistadas, seja no objetivo, seja na organização, na estruturação de prioridades, no multitasking, na incorporação do privado no trabalho. Características que a genética feminina justifica, a mesma que durante muitos anos as afastou da emancipação.
A estreia simbólica no dia 25 de Abril dá voz a Sandra Ribeiro, presidente da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género, parceira do programa. O programa faz-se de “seniores consolidadas”, como Maria Antónia Palla, a primeira jornalista num mundo de homens, a falar abertamente sobre o aborto, ou Miriam Halpern Pereira, fundadora do Centro de Estudos de História Contemporânea Portuguesa. E também de “ilustres desconhecidas”, como a veterinária Joana Amil, literalmente raptada por um gorila; a ginasta Filipa Martins, exímia nas paralelas assimétricas, criadora do “Martins”, movimento no aparelho a que dá nome; Dorina Lindemann, enóloga alemã da Quinta da Plansel; a investigadora Goreti Sales, distinguida pelo Conselho Europeu de Inovação; Rosário Trindade, diretora de acesso ao mercado e relações internacionais da AstraZeneca Portugal. Um work in progress, porque “qualquer mulher tem qualquer coisa para contar”.
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Mulheres que Contam > RTP2 > 25 abr, seg 22h50 > Versão alargada online em RTP Notícias