1. The Queen’s Gambit, Netflix
Triunfo em toda a linha The Queen’s Gambit (Gambito de Dama) bateu recordes na plataforma de streaming Netflix: foi a minissérie mais vista de sempre e, só no primeiro mês de exibição, chegou a 62 milhões de casas em todo o mundo. Os seus seis episódios baseiam-se num romance publicado em 1983, do escritor norte-americano Walter Tevis, e acompanham a vida de Beth Harmon (Anya Taylor-Joy), nos anos 50 e 60, de um orfanato no Kentucky para a conquista da cena mundial do xadrez. Um sucesso assim tinha de ter consequências: as vendas de tabuleiros dispararam, assim como o número de partidas online jogadas todos os dias. P.D.A.
2. Pátria, HBO
Escrita por Aitor Gabilondo e baseada no romance homónimo de Fernando Aramburu, Pátria é a primeira produção da HBO Europa em língua espanhola. Ao longo de oito episódios, acompanha-se a história de duas famílias divididas durante o conflito basco, enquanto tentam lidar com a dor e as contradições morais que a guerra provocou. De um lado está Bittori, a viúva de Txato, homem morto pelos terroristas da ETA, que retorna à sua aldeia natal após o cessar-fogo de 2011 entre o grupo separatista e o governo espanhol. Do outro está Miren, sua antiga vizinha e amiga, mãe de Joxe Mari, um terrorista que acaba de ser preso e é suspeito dos piores receios de Bittori. J.L.
3. Normal People, HBO
Normal People não é tanto sobre “pessoas normais” (o que quer que isso queira dizer…), mas mais sobre as relações afetivas destes tempos. Baseada no romance de Sally Rooney, ganhou o epíteto da série mais falada do verão de 2020. Sucintamente, podemos dizer que os 12 episódios acompanham a história de amor entre dois millennials (e que bem que vão Daisy Edgar-Jones e Paul Mescal!), numa cidade do Interior da Irlanda pós-católica. Deixemos de lado o campeonato (pouco interessante, de resto) sobre se o livro é melhor ou pior do que a série e falemos, antes, do quanto Normal People contém: da incomunicabilidade entre Marianne e Connell que, apesar de se entenderem na cama, nem sempre se entendem noutros contextos, dos muros que as classes sociais ainda representam, do modo como aquela relação também contribui para a definição da personalidade de cada um, da construção social acerca do que é expectável dos homens e das mulheres, da maneira como aquela paixão não os impede de tentarem outros caminhos… E, no fundo, de como tudo isto pode fazer de Normal People um retrato do que está a mudar no amor. S.B.L.
4. The Mandalorian, Disney+
Um western com armas laser e naves espaciais. É um bom resumo de The Mandalorian, a última iteração de Star Wars e a mais recente série-bandeira da Disney, que chegou a Portugal em setembro passado. Posicionada temporalmente 25 anos após o fim de O Regresso do Jedi, ela conta a história de um caçador de recompensas que encontra uma criança misteriosa. Para qualquer fã de Star Wars, isto já seria suficiente para tirar a carteira do bolso e atirar notas à televisão. Mas, ao fazer da série o pilar da sua plataforma de streaming, a máquina Disney criou um fenómeno mais abrangente. Numa paisagem mediática fragmentada, em que cada pessoa está a ver uma série diferente, conseguiu a proeza de, na estreia nos EUA, pôr “toda a gente” a falar no Baby Yoda. Se já seria impossível falar de qualquer produto Disney sem o enquadrar numa lógica industrial e de domínio inédito do universo do entretenimento, diga-se que a série The Mandalorian presta-se ainda mais a esse exercício. É como se tivesse sido desenhada por um algoritmo: cada cena parece construída para se tornar viral nas redes sociais. É económica e eficaz, com episódios com pouco mais de 30 minutos e duas temporadas de apenas oito episódios. Tendo em conta a simplicidade do argumento, nem precisava de tanto tempo. N.A.
5. The Outsider, HBO
Stephen King conhece o mundo do horror como ninguém. Aos 72 anos, as histórias do escritor norte-americano mantêm-se na liderança dos rankings há várias décadas e o seu nome é, no mínimo, sinónimo de suspense. Depois de Castle Rock, produção de J.J. Abrams para a plataforma de streaming Hulu, em que se misturavam personagens e fragmentos de diferentes universos do escritor, é a vez de o livro The Outsider ganhar vida no pequeno ecrã, uma das grandes apostas para 2020 do canal HBO. Em The Outsider, adaptado pelo escritor Richard Price (The Wire, The Deuce, The Night Of), a premissa não é nova, mas a forma como se tenta deslindar o caso de um crime grotesco ganha pontos muito à conta das interpretações. Quando uma criança de 11 anos desaparece na floresta e aparece morta e mutilada num cenário macabro, que a realização não esconde, são várias as testemunhas oculares e as evidências físicas que colocam Terry Maitland (Jason Bateman), professor de Inglês e treinador de basebol, e a sua carrinha no local do assassinato. S.C.
6. A Amiga Genial, HBO
A série, toda ela italiana, tem o condão de mitigar as saudades da prosa da misteriosa Elena Ferrante. E quem ficou viciado na tetralogia A Amiga Genial, um dos maiores êxitos literários dos últimos tempos, vai adorar ver as personagens a mexer (ainda que possa sentir que fica aquém da riqueza dos livros). A série conta com duas temporadas (Ferrante participou do guião), de oito episódios cada, e segue a história a história de Lenu (Elena Greco) e Lila, duas amigas que se conhecem durante os anos 50, em Nápoles. Elena começa a escrever a história da sua amizade de 60 anos quando Lila parece ter desaparecido sem deixar rasto. L.O.
7. Ozark, Netflix
Quando se estreou, no verão de 2017, o thriller da Netflix não se livrou da comparação com Breaking Bad. Foi nessa altura que conhecemos o contabilista Marty Byrde (Jason Bateman, participa também em The Outsider, na HBO), que em Chicago se viu envolvido numa rota de lavagem de dinheiro proveniente do negócio da droga. A mudança para o lago das montanhas Ozark levou esta família disfuncional a acreditar que ali iria conseguir passar despercebida. Na terceira temporada, à medida que a tensão aumenta em torno do seu novo casino, The Missouri Belle, Marty e Wendy (Laura Linney) lutam para equilibrar a segurança da família com o crescente sucesso do seu império de lavagem de dinheiro. Wendy ganha o perfil de vilã, estando disposta a fazer qualquer coisa por ambição, enquanto usa os filhos como desculpa. S.C.
8. After Life, Netflix
O carimbo Ricky Gervais atesta a qualidade desta série que soube a pouco quando vimos o último episódio – em 2019, foi o segundo título mais visto da Netflix. Felizmente, a boa notícia da segunda temporada chegou em 2020, em época de quarentena forçada. Por aqui adoramos o british accent de Tony, o seu tom de voz monocórdico, a fina ironia, o humor negro, tão negro quanto o seu coração, mirrado de dor pela perda de Lisa, a sua mulher, que se finou de cancro. Também sentimos alguma empatia pelo facto de Tony ser jornalista, claro, embora tenha zero empenho na sua função de repórter de excentricidades banais num jornaleco local, da mesma forma que tem zero empenho na sua vida social. E mais não dizemos, porque queremos que vá a correr para o sofá, sorver os episódios de uma só vez, num dia mais aborrecido (são duas temporadas, de seis episódios cada). Ou, se preferir, tome-os em doses diárias, prolongando o prazer por uma semana. Tudo depende da forma como estamos na vida… ou o que queremos fazer depois dela. L.O.
9. A Very English Scandal, HBO
Política, homossexualidade, segredos e conspiração. Estavam lançados os dados para que o “Thorpe affair”, como ficou conhecido no Reino Unido o escândalo político e sexual envolvendo Jeremy Thorpe (1929-2014), líder do Partido Liberal e membro do Parlamento, desse uma minissérie da BBC. Contou com realização de Stephen Frears e foi exibida em 2018.
A adaptação para três episódios, a partir do livro de John Preston, A Very English Scandal: Sex, Lies and a Murder Plot at the Heart of the Establishment, tem Hugh Grant no papel principal (uma escolha aplaudida pela crítica), que deixa para trás o seu típico registo das comédias românticas. No entanto, a maior revelação talvez seja mesmo Ben Whishaw, galardoado com um Globo de Ouro, um Emmy e um Bafta pela interpretação de Norman Scott, um tratador de cavalos aspirante a modelo que de amigo passou a amante de Thorpe, levando-o à morte política, apesar de este ter sempre negado o envolvimento homossexual. S.C.
10. The Undoing, HBO
Nesta série de seis episódios, baseada no livro de Jean Hanff Korelitz e com guião de David E. Kelley (Big Little Lies), segue-se a vida, aparentemente perfeita, de Grace Sachs (Nicole Kidman), uma terapeuta de sucesso, e do atencioso marido (Hugh Grant). Esta é a primeira vez que os atores contracenam juntos, num thriller psicológico que merece atenção – desde logo na voz do genérico inicial. Assim que ouvimos a canção Dream a Little Dream of Me, um clássico de 1931, reconhecemos qualquer coisa de melodioso e doce naquela voz. A mesma doçura do olhar e da expressão de Nicole Kidman – sim, a atriz canta nos créditos de abertura de The Undoing, a pedido da realizadora Susanne Bier, nome por detrás do filme Bird Box ou da série O Gerente da Noite. A série vai do quotidiano de um casal cúmplice, bem-sucedido nas carreiras e benemérito em Nova Iorque, abanado pelo assassínio brutal de uma mulher (Matilda de Angelis), terminando na barra do tribunal. Uma espiral ascendente no interesse e no mistério da história.
11. The Crown, Netflix
Poderosas, carismáticas e inesquecíveis. Assim foram Margaret Thatcher, política britânica, e Diana Spencer, princesa de Gales ao casar-se com o príncipe Carlos. Poderosas e marcantes são também as interpretações de Gillian Anderson na quarta temporada de The Crown, como Thatcher, e de Emma Corrin, jovem em ascensão, como Diana. É notável o trabalho de cada uma destas atrizes em que, além das semelhanças e da make-up, por vezes só um ajeitar de ombros ou um olhar caído falam por si.
Com os anos 80 do século XX à porta, começa a mudar o visual e a estética da série criada por Peter Morgan. Ambiente menos imperial e mais citadino, numa Londres a fervilhar. Os britânicos continuavam na Irlanda e a luta republicana irlandesa pela liberdade entrava numa nova fase, mais sangrenta. “Era o que faltava ao país. Duas mulheres no leme do barco”, indigna-se o duque de Edimburgo (Tobias Menzies) no dia das eleições, com o Partido Conservador à frente nas sondagens. S.C.
12. Ratched, Netflix
Com contrato exclusivo com a Netflix, Ryan Murphy já demonstrou, por diversas vezes, como é exímio a recriar homicídios (American Crime Story), a pregar valentes sustos (toda a saga American Horror Story) e a retratar uma América de época (a década de 80, na Nova Iorque de Pose, ou os anos 40, em Hollywood). Em Ratched, a maquiavélica enfermeira do filme Voando sobre um Ninho de Cucos ganha vida própria. Para Mildred Ratched, todos os fins justificam os meios. Enfermeira no Pacífico, durante a II Guerra Mundial, especializou-se na administração de anestésicos, terapia com oxigénio e tratamento de choque. Não é preciso ter visto o clássico de 1975 para agora compreender a história desta enfermeira com uma conduta moral e ética deveras questionável. Mas quem viu o filme protagonizado por Jack Nicholson e Louise Fletcher, sabe até onde Ratched consegue ir na sua atuação no hospital psiquiátrico. Para 2021, está já marcada uma segunda temporada.
13. Raised by Wolves, HBO
Uma distopia futurista, excêntrica e cáustica, com robôs e naves espaciais, eis um bom resumo de Raised by Wolves. A série, criada por Aaron Guzikowski e com alguns dos 10 episódios realizados pelo cineasta britânico Ridley Scott, pode bem ser o melhor da ficção científica da última década. É uma história focada em dois androides (um pai e uma mãe) a quem é incumbida a tarefa de criar crianças humanas num
planeta árido e feio, depois de a Terra ter sido destruída. Um drama com uma abordagem bíblica, em que há notas de Prometheus e Alien, dois filmes de Ridley Scott, guerras constantes e crenças, nas quais sobressaem os efeitos especiais fantásticos. No entanto, neste lugar inóspito e nada pacífico, que está longe de ser o Jardim do Éden, as lutas entre os humanos são uma ameaça constante à sobrevivência da espécie. Um regresso ao futuro que, certamente, irá prender muitos espectadores ao ecrã. A série conta com a participação, entre outros, de Amanda Collin, Abubakar Salim, Winta McGrath, Niamh Algar e Jordan Loughran. Garantida está já uma segunda temporada. J.L.
14. A Generala, Opto/SIC
Maria Teresinha Gomes (1933-2007) passou 18 anos da sua vida como general Tito Aníbal da Paixão Gomes, mas nos anos 90 do século XX foi desmascarada, acusada, julgada e declarada culpada dos crimes de usurpação de identidade e de burla, tendo sido condenada a uma pena suspensa de três anos. É a partir desta figura que Patrícia Müller e Vera Sacramento escreveram o argumento de A Generala, série que se desenrola em seis episódios, disponibilizados na Opto, a nova plataforma de streaming da SIC. Com Carolina Carvalho e Soraia Chaves nos papéis principais. S.C.
15. Your Honor, HBO
Desde 2013, ano em que terminou a série Breaking Bad, que o ator Bryan Cranston não assumia um papel principal em televisão. Em Your Honor, minissérie de 10 episódos, faz de Michael Desiato, um respeitado juiz de Nova Orleães, cujo filho adolescente, Adam (Hunter Doohan), atropela mortalmente um jovem e, de seguida, foge do local do acidente. Adam confessa o crime ao pai, que a partir desse momento se esforça para garantir que o crime passa despercebido e que nenhumas suspeitas recaem sobre o seu filho. A história ganha contornos mais complicados quando se sabe que o jovem que morreu atropelado é o filho de um chefe de uma família do mundo do crime daquela cidade do sul dos EUA. Produção da CBS Studios, Your Honor, que se estreou em dezembro na HBO, é inspirada na série israelita Kvodo. I.B.
16. I May Destroy You, HBO
A série de Michaela Coel, criadora de Chewing Gum, é inspirada na vida da própria actriz. Arabella, a protagonista de I May Destroy You, é uma escritora que fez sucesso com os seus pensamentos no Twitter e depois os transformou em livro. Está a ser pressionada para entregar um rascunho do segundo livro e, durante uma maratona de escrita madrugada fora, decide ir ter com amigos a um bar. Depois disso, as memórias são difusas. Acorda, confusa, com uma ferida na cabeça e sem saber o que aconteceu naquela noite. Produção conjunta da BBC e da HBO, a série estreou-se em junho de 2020, em Portugal.
17. Succession, HBO
Considerada a melhor série de drama do ano e vencedora de sete prémios Emmy em 2020, Succession conta a história de Logan Roy e dos seus quatro filhos herdeiros, uma família rica do mundo do entretenimento, a partir do momento em que o patriarca decide afastar-se da empresa. Disponível na HBO Portugal, foi também uma das 10 séries mais vistas no ano passado, ocupando o 9º lugar no top da plataforma de streaming.