Quando, há uns meses, Nuno Galopim pensou em fazer um retrato de Amália Rodrigues de uma coisa tinha a certeza: o caminho que não queria seguir. “Ao invés do que temos vindo a fazer na série Vejam Bem [também exibida na RTP] queria evitar estarmos a fazer entrevistas”, conta o jornalista e autor, em parceria com Miguel Pimenta, do documentário Eu, Amália, que a RTP1 estreia nesta quinta-feira, 23, dia em que se assinalam os 100 anos do nascimento da fadista. “Tinha vontade de encontrar as histórias na voz da própria Amália.” Instalada a pandemia, a ideia revelar-se-ia providencial.
Realizada em tempo de confinamento, a produção durou oito semanas. Tudo começou com um levantamento exaustivo sobre o material relacionado com Amália entre os arquivos de rádio e televisão da RTP. A tarefa revelou-se mais trabalhosa do que difícil. “Felizmente, o arquivo da RTP é riquíssimo em entrevistas e programas com a Amália, e ela era uma excelente contadora de histórias, com um poder da palavra absolutamente incrível. Não faltavam boas entrevistas e excelentes frases, a Amália transmitia grandes pensamentos em poucas palavras”, sublinha Nuno Galopim.
Entre excertos de entrevistas, imagens de programas e canções, desde os anos 50 até aos últimos dias da artista, em Eu, Amália é a própria Amália Rodrigues que, pela sua voz, revela quem foi, o que mais queria ser, o que viveu e o que queria viver. Nuno Galopim mostra-se satisfeito por ter conseguido, em 50 minutos, “condensar tanta informação e imagens de tantas épocas que dão uma ideia da presença da artista além fronteiras, da maneira como viajou e levou a nossa língua a todo o mundo. Mas também daquela que era a enorme diversidade de áreas musicais em que ela trabalhou, ao longo da sua carreira.”
O jornalista espera que o documentário possa ser “um momento de reencontro para uns e um ponto de partida de descoberta para aqueles que não a conheçam.” “Porque”, diz, “se há figura da música portuguesa do século XX que continua a ser capaz de suscitar entre nós um poder de encantamento, é Amália.”
Após a exibição do documentário, a homenagem à fadista continua na emissão com o espetáculo Bem-Vinda Sejas Amália, transmitido em direto na RTP1 a partir do Brejão (Odemira), local que a artista escolheu como refúgio entre as suas digressões. O concerto vai juntar em palco nomes da música portuguesa como Ana Moura, Marco Rodrigues, Katia Guerreiro, Jorge Fernando, Ricardo Ribeiro, José Gonçalez, Fábia Rebordão e Sara Correia.
Eu, Amália (documentário) > RTP1 > 23 jul, qui 21h > Bem-Vinda Sejas Amália (espectáculo) > RTP1 > 23 jul, qui 22h