“Adeus minha bebé! A mãe tem de ir trabalhar.” É desta forma irónica que June começa o primeiro episódio da terceira temporada de The Handmaid’s Tale. Não estamos aqui a cometer o crime das revelações antecipadas – no trailer de apresentação percebe-se bem que a bebé de June consegue salvar-se e chegar ao Canadá. A protagonista, essa, interpretada pela magnífica Elisabeth Moss “tem de ir trabalhar”. Percebe-se que escolhe ficar em Gilead (um território que ocupa parte dos Estados Unidos da América, dominado por um grupo de comandantes militares altamente devotos que seguem à risca os mandamentos da Bíblia, ou seja, também se apedrejam ali mulheres até à morte) porque não consegue deixar a primeira filha, Hannah, que lhe foi tirada. Mas fica no ar a ideia de que June vai ter um papel fulcral na organização da resistência.
Premiadíssima na sua primeira temporada, The Handmaid’s Tale recebeu duras críticas durante a segunda. E percebem-se as queixas de “violência gratuita” nos primeiros episódios; embora a exímia qualidade da realização, da fotografia e do elenco permanecesse intocável e os episódios finais redimissem os primeiros. No entanto, a obra inspiradora, criada pela escritora canadiana Margaret Atwood, terminara na primeira temporada. E há muitos caminhos por onde ir. O principal será, porventura, o início de um escape daquele mundo claustrofóbico onde todas as mulheres – sejam criadas ou senhoras – foram obrigadas a recuar ao lar, proibidas de ler ou de ter uma profissão, focadas num único objetivo: procriar. Numa terra altamente poluída, onde a fertilidade está comprometida, o mundo volta a ser dos homens ou talvez nunca tenha deixado de ser. E as mulheres vão obedecer? Ou vão finalmente abrir a válvula e construir uma nova ordem em que a maternidade não esteja mais associada ao horror? Blessed be the fruit…
The Handmaid’s Tale > NOS Play > Estreia 6 jun, qui (um novo episódio todas as quintas-feiras)