Durante várias noites, no passado mês de março, o Capitólio, em Lisboa, encheu-se de público para receber uma seleção de 24 músicos e bandas portuguesas. O radialista Henrique Amaro aceitou o desafio da RTP1 para fazer um programa de música ao vivo, com curadoria da Antena 3, levando o lema “alternativa pop” da rádio para a televisão. Assim, na renovada sala de espetáculos do Parque Mayer, as cadeiras da plateia saíram para dar lugar a uma espécie de arena musical, onde dois músicos frente a frente, sem qualquer tipo de competição, atuaram à vez criando “um diálogo musical”. Com circulação livre, o público pôde ouvir cinco músicas de cada banda, que também teve de levar um convidado-surpresa.
O resultado que agora veremos em Eléctrico, às quintas-feiras depois de 5 Para a Meia-Noite, não é em direto, mas foi gravado sem interrupções, com a mínima encenação. “A escolha das duplas de bandas recaiu sobre a complementaridade. Um casamento em que as bandas não têm de ser amigas, mas há uma harmonia entre elas”, explica Henrique Amaro. Para formar este puzzle, Henrique partiu da lógica de harmonia. “Como não há o hábito de ouvir música ao vivo na televisão, não queria criar ruturas e ter uma Sara Tavares com uma banda rock. Há emergentes, que tocam ainda há pouco tempo, como Conan Osiris, Joana Espadinha, Isaura, Stereossauro, Surma, Luís Severo ou Filipe Sambado e outros com uma discografia vasta como David Fonseca, Dead Combo, Linda Martini ou Capitão Fausto.” Por mais retratos que tiremos à música portuguesa contemporânea, são sempre retratos incompletos. “Há um mundo novo no jazz nacional, na música tradicional e mesmo no pop rock. Tenho esperança que esta seja apenas a primeira temporada.” É o serviço público a funcionar.
Eléctrico > RTP1 > Estreia 9 mai, qui 00h36