A premissa é simples: desenhar enquanto se bebe e se convive. O Drink and Draw, encontro quinzenal organizado por Tânia Valle e Ana Fontinha, quer democratizar a arte, incentivando as pessoas a desenharem mais, a desinibirem-se e a soltar o seu lado criativo. A ideia surgiu depois de Tânia ter participado, em 2012, numa sessão de desenho de modelo nu em Nova Iorque, em que não havia um orientador. De volta a Lisboa, percebeu que a oferta destas sessões continua muito ligada ao ensino. “O desenho ainda é muito elitista em Portugal. Qualquer pessoa pode expressar-se através do desenho”, acredita. “O que me fascina não é tanto o processo de aprendizagem, mas sim a criatividade, expores-te através do desenho.”
Foi nesta perspetiva que, em 2018, nasceu o Drink and Draw, que desde então já decorreu em galerias de arte, cafés, hotéis, mercearias e até mesmo numa fábrica de cerveja. “Lisboa tem locais maravilhosos, que nos inspiram de alguma forma, há que aproveitá-los”, afirma.
No café Comoba, situado na Rua de São Paulo, onde o Drink and Draw acontece pela terceira vez, a sessão está quase esgotada. Depois de escolhidos os materias – folhas, lápis, prancheta, borrachas e canetas -, são reservados alguns minutos para que os cerca de 25 participantes possam ambientar-se, apresentarem-se e trocar algumas palavras. Rapidamente, apercebemo-nos que há repetentes entre os lisboetas e estrangeiros que escolheram passar este final de tarde/início de noite descontraído de uma terça-feira.
Antes de partirmos para o desenho, recebemos algumas instruções: aproveitar ao máximo a folha de papel e não deixar bebida no copo. É também desaconselhado o uso dos telemóveis durante a sessão.
No Drink and Draw há sempre uma modelo a posar, de acordo com uma temática pré-definida. Na sessão de duas horas que decorreu no café Comoba, o tema escolhido foi “Danças africanas”, interpretado pelas poses de Fabiana Almeida. Houve de tudo: pessoas que desenhavam como verdadeiros artistas, outras com maior dificuldade em replicar as posições no papel, outras ainda que foram apanhando o jeito. O que conta não é habilidade, já nos tinha dito Tânia, e por melhor ou pior que esteja o desenho, trocam-se risos, elogios e comentários, fazendo com que as pessoas se aproximem, à medida que a sessão vai decorrendo. Também se aposta em várias dinâmicas e atividades que podem suscitar uma conversa, desafiando por exemplo a desenhar a pessoa que mais chamou a nossa atenção.
As sessões do Drink and Draw acontecem quinzenalmente, sempre à terça-feira, entre as sete da tarde as nove da noite, para um grupo de 20/25 participantes, consoante o local (reservas online, €20). Incluem o material de desenho e dois copos de vinho por participante, mas há sempre opções sem álcool para quem assim o preferir. O objetivo é descontrair, passar um bom bocado e divertir-se, tenha ou não jeito para o desenho.
Drink and Draw > ter 19h-21h, de quinze em quinze dias > Próxima sessão: Insitu, Beco do Rosendo > 16 ago, ter 19h-21h > €20 (inclui materiais e duas bebidas) > Reservas em drinkanddraw.pt