Respira-se tranquilidade na nova casa da livraria Poetria, aberta em meados de janeiro. Virou-se uma página na história de 19 anos, que começou por escrever-se num pequeno espaço das Galerias Lumière, os últimos dois a lutar contra uma ordem de despejo. A Câmara Municipal do Porto aprovou a cedência temporária, por dois anos, de um imóvel arrendado, muito próximo da anterior localização. Agora, os sócios Nuno Pereira e Francisco Reis podem estar juntos ao balcão, sem se atropelarem, há estantes por preencher, sofás no mezanino, para quem queira ficar a folhear uns livros, e o cão Blake (como o poeta britânico) que vagueia por ali e acolhe os visitantes de cauda a abanar. “Falta a montra, e o facto de ser uma rua pedonal, com menos movimento, também traz menos visibilidade”, contrapõe Francisco, lembrando que “metade da faturação já vinha dos turistas”. Com o tempo, acredita, os clientes regressarão àquela que é a única livraria de poesia e de teatro em Portugal.
Ideias não faltam. No final de março, deverão arrancar com um podcast, em que falarão sobre livros, escrita e influências. A primeira participante deverá ser Francisca Camelo, uma entre os 14 autores publicados pela Fresca, a editora lançada pela Poetria, como plataforma para poetas em ascensão. Para breve, estará a publicação de mais quatro títulos. “Conseguimos renovar o nosso público, acreditamos numa leitura por prazer e fugimos de uma poesia mais canónica, que é muito mais do que métrica e ritmo e é capaz de focar temas contemporâneos”, sublinha Francisco. Planeiam igualmente lançar uma coleção de teatro, o projeto Amanda, com a colaboração do encenador Nuno M. Cardoso, dedicada a dramaturgos da cidade. “Poucos leem teatro, mas temos as escolas artísticas, além do público que vai às sessões do Teatro Nacional São João, com quem mantemos uma sinergia há vários anos.” Esperam ainda retomar as sessões de poesia, quinzenais, já neste mês. Dina Ferreira, a carismática fundadora da Poetria, será também a cicerone de um guia literário, no rasto dos poetas do Porto. “Temos a sorte fantástica de ela ser nossa amiga e de, ainda hoje, nos ensinar muita coisa”, reconhece Francisco.
Poetria > R. Sá de Noronha, 155, Porto > T. 92 812 9119 > seg-sáb 12h-19h