É na sala em forma de quadrado, com dois pisos e paredes forradas por milhares de discos, nos estúdios da Arda Recorders, que se encontra a Fonoteca Municipal do Porto (FMP), em Campanhã. Inaugurada em setembro de 2020, arranca neste domingo, 4, às 17 horas, com um ciclo de conversas naquela que é a primeira atividade aberta ao público. “Passado e presente do vinil: Uma conversa com Paulo Vinhas e Leonor Losa” será moderada por Armando Sousa, responsável pela programação e arquivo da FMP, numa conversa que junta o editor Paulo Vinhas à etnomusicóloga Leonor Losa.
“O objetivo é a dinamização deste espólio com mais de 35 mil discos, através de um programa de atividades, que parte da ideia de tornar a coleção mais apelativa, para este não ser um arquivo morto”, observa João Brandão. Para o coordenador da Fonoteca, o ponto de partida será sempre o singular acervo de vinis, editados entre os anos 1950 e 1995, de artistas nacionais e internacionais, que conta a história da música.
Seguir-se-á, a 25 de julho, um outro encontro com Anselmo Canha e Paulo Lopes, dois elementos da histórica banda portuense Repórter Estrábico, pioneira no uso de samplers e caixas de ritmos em Portugal. A conversa, que surge na sequência dos trinta anos da edição de Uno Dos, o único disco de vinil do grupo, editado em 1985, servirá para revisitar o álbum através das vivências de ambos os músicos. Para garantir a entrada, e porque há apenas 40 lugares disponíveis para assistir a estas conversas, pede-se ao público uma pré-marcação através do e-mail fonoteca@cm-porto.pt.
Para setembro, estão programadas sessões de escuta ativa orientadas por diversos convidados e partindo sempre de um disco do acervo da Fonoteca. Mais uma vez, procura-se incentivar a partilha de experiências pessoais e histórias ligadas ao vinil. “É uma outra forma de mostrar os discos às gerações que não estão familiarizadas com o formato”, explica João Brandão. Para os mais novos é como dar um passo atrás, para mexer em algo mecânico. “Esta é uma audição muito diferente”, continua, “que implica parar, colocar a rodela, rodar o braço e estar atento.” Na verdade, envolve tempo e uma maior fruição do momento.
Paralelamente à abertura da coleção a visitas, informais ou académicas, a FMP mantém uma presença dinâmica no digital. Através do site, partilham-se podcasts temáticos, entrevistas e programas criados em redor do seu espólio. A agenda regular de conversas e escuta ativa são mais um passo no desbravar do relacionamento do património musical com a cultura contemporânea.
Arda Recorders > R. Pinto Bessa, 122, Porto > T. 22 114 6789 > 4 e 25 jul, dom 17h > grátis (pré-marcação em fonoteca@cm-porto.pt) > www.fonoteca.cm-porto.pt