Quase três meses depois de ter encerrado, devido à pandemia, o Maus Hábitos reabre nesta terça, 2, com outra vida, metade dos lugares, álcool gel à entrada e duas linhas a separar quem entra de quem sai. Há maior amplitude de movimentos, mais luz natural, plantas penduradas por todo o lado e aquela vista panorâmica sobre o Porto, que agora se alarga a todas as janelas.
Sem as festas, que se mantêm online, em formato podcasts, djsets e mixtapes, Daniel Pires, fundador e diretor do Maus Hábitos – Espaço de Intervenção Cultural, encontrou no restaurante Vícios de Mesa a forma de garantir um certo retomar da programação. “Não somos só um restaurante, nem este é o nosso foco principal, mas precisamos que este funcione”, sublinha. Apesar de reduzido a cerca de 60 lugares, o Vícios de Mesa, que estava no centro da casa, alarga-se agora do salão nobre à sala de espetáculos e ao pátio, funcionando em horário contínuo e pronto a servir cultura à mesa. Também o bar da sala de concertos tem uma outra configuração.
A noite faz-se com propostas de cinema, concertos e leituras. “Vamos apostar em espetáculos para pessoas mais maduras”, diz Daniel. Ou seja, os clientes que, geralmente, vinham apenas jantar e não ficavam pela noite dentro. Espera-se o regresso dos mais novos, numa segunda fase, quando voltar o programa de festas.
É neste lugar alternativo, urbano e de convergência cultural que literatura, arte, música, cinema e, claro, comida e bebida voltam a cruzar-se, apenas à hora de jantar. Durante o mês de junho, as terças serão dedicadas à leitura de contos e às conversas com Ana Deus. A vocalista dos Três Tristes Tigres toma conta da sala de espetáculos para quatro sessões de Palavras à Mesa (2, 9, 16 e 30 jun, às 20h30). Às quartas, será dado enfoque aos filmes, no ciclo Cinema à Mesa, numa parceria com os festivais Porto Shortcutz e o Porto Femme (3, 10 e 17 jun, 20h30).
Nas noites de quinta, haverá Sons à Mesa, nome para concertos intimistas com jantar (20h30, €10). Apesar de Daniel Pires afirmar que “alguns músicos ainda não estão confortáveis para tocar”, estão confirmadas as atuações do guitarrista Grutera (4 jun), S. Pedro (11 jun), Little Friend (18 jun) e O Manipulador, a one-man-band de Manuel Molarinho (25 jun).
Aos sábados, regressam ao pátio os Hábitos de Esplanada, com DJ sets, durante a tarde, a partir das 16 horas. Sem alteração, prossegue o programa artístico da Saco Azul, associação cultural do Maus Hábitos. A partir deste sábado, 6, na Sala de Exposições poderá ver-se Time and Technics, do coletivo portuense de artistas Berru, a cruzar tecnologia, arte, ciência e filosofia. Já na Mupi Gallery mantém-se +[mira]+, de Pedro Tudela, no âmbito do ciclo O Poético ou o Político?, com curadoria de João Baeta.
No final de junho, no dia 25, será inaugurada a primeira exposição, de uma série de quatro, fora de portas, que leva obras de 24 artistas portugueses à rede de MUPIs da cidade, numa co-produção com a Câmara Municipal do Porto. Ainda que esteja cético em relação à situação atual, devido à “disrupção criada no Maus Hábitos”, Daniel Pires acredita que “a recuperação será muito lenta, mas vai acontecer.”
As diferentes atividades do Maus Hábitos são gratuitas, com exceção dos concertos com jantar, às quintas. No entanto, devido à reduzida lotação da sala de espetáculos, onde podem sentar-se apenas 38 pessoas, funcionará um sistema de reservas no site.
Além de pizzas, saladas e hambúrgueres, com diversas opções vegetarianas e vegan, servidas a partir do meio-dia e em horário contínuo, na sala de espetáculos haverá um menu especial de snacks, para comer à mão, ao jantar. O domingo será dia de brunch (12h-16h). O Maus Hábitos está diferente, sim, mas isso é mais um motivo para regressar ao 4º piso da Garagem Passos Manuel.
Maus Hábitos > R. Passos Manuel, 178 – 4º, Porto > T. 22 112 4868, 93 720 2918 > ter-sáb 12h-23h, dom 12h-16h