A homenagem à filigrana foi acalentada durante anos pelos irmãos Luísa e Pedro Rosas, filhos de David Rosas, fundador da empresa de alta joalharia e relojoaria, e descendentes de duas casas de Gondomar com ligação a esta técnica tradicional da ourivesaria (a de Vicente Gaspar Vieira e a de Domingos Martins Ferreira). “Percebemos que havia o risco de a filigrana artesanal desaparecer, porque a maioria das peças é produzida em massa, por injeção em moldes”, explica Luísa. No início de dezembro, abriram a House of Filigree, no edifício do séc. XIX com frentes para a avenida dos Aliados e para as ruas dos Clérigos e do Almada, onde está o hotel Pestana Porto – Goldsmith.
Com projeto do arquiteto Nuno Graça Moura, as primeiras salas da casa funcionam como um museu, onde se fala das origens e da difusão da filigrana pelo mundo, do processo de produção, da popularidade em Portugal durante os séculos XIX e XX e das oficinas concentradas, sobretudo, em Gondomar e na Póvoa de Lanhoso, “onde a técnica é executada com uma perfeição muito rara”, sublinha Paulo Valente, o curador da exposição permanente. A meio do percurso está instalado um atelier, com dois ourives a trabalhar e disponíveis para falar sobre a perícia exigida. “Há pouca mão de obra e uma das nossas preocupações é cruzar artesãos seniores e juniores, para haver a passagem de conhecimento”, adianta Luísa Rosas.
A defesa da manufatura concretiza-se também no lançamento de coleções de filigrana, à venda na boutique, desde as peças mais acessíveis da My Filigree a uma linha contemporânea, desenhada por Luísa Rosas, e a outra mais clássica, inspirada nos modelos tradicionais da nossa ourivesaria. Para que este seja um projeto de continuidade.
House of Filigree > R. do Almada, 10, Porto > T. 22 766 2745 > seg-sáb 10h-19h > €10 (dedutíveis na compra de uma peça de ourivesaria)