“Gracejo de boas-vindas”, chamava-lhe José Cardoso Pires, e, sim, sorrimos ao ver que os ponteiros do relógio de parede do British Bar andam para trás. Para o escritor, que tantas vezes esteve neste bar agora com cem anos, o número 52 da Rua Bernardino Costa era um lugar “com sabor a cais sem água à vista”. Faz sentido. Afinal, no início do século XIX havia uma praia no lugar da Praça Duque da Terceira e, mesmo mais tarde, seriam muitos os marinheiros a aportarem a esta casa ao virar da Rua do Alecrim.
Antes de 1919, já se serviam copos na então Taverna Inglesa. Hoje, o forte são as cervejas, mas o ex-líbris é a ginger beer artesanal – excelente com um prego com queijo da Ilha, sobretudo em dias de jogo (de futebol, rugby, cricket, ténis). Dias e noites, porque o British Bar está aberto do meio-dia às quatro da manhã, também a fumadores, lembra Sara, mulher de um dos dois donos.
Sara não é Rosa, a empregada de bar e criada de quarto interpretada por uma novíssima Teresa Madruga no filme A Cidade Branca, de Alan Tanner, por quem Paul (Bruno Ganz) se apaixona. Mas tanto ela como Paulo, autodenominados “os melhores empregados do Cais do Sodré”, são tão cinematograficamente magros e angulosos que ficariam bem plasmados num grande ecrã.