Este título é surripiado com ternura a uma crónica do meu pai (Fernando Assis Pacheco), publicada em março de 1985, no semanário O Jornal. Sua Majestade a Rainha de Inglaterra vinha a Lisboa, a oportunidade de ver a meio metro um royal que ele só conhecia da revista Woman’s Own levá-lo-ia a passar de um “talvez” tingido de “não” a um “pois sim, muito obrigado”. Partiria, então, rumo aos guarda-roupas da capital, na esperança de alugar um smoking.
Esgotadas até as camisas de plastron, acabou por se estrelicar na “véstia cerimonial” de um cunhado. “Faz de conta que não respiras”, ouviu e inteligentemente obedeceu porque a naftalina, como sussurraria no Palácio da Ajuda uma embaixatriz, “não cheira a Paco Rabanne”.
Nos mais de 5 mil metros quadrados que o Peris Costumes ocupa na Rua do Açúcar, 76, em Marvila, não há vestígios de bolas brancas. Tudo o que sai deste guarda-roupa (com sede em Madrid, desde 1856, e armazéns e escritórios também em Paris, Düsseldorf e Budapeste) vai livre de odores para filmes, novelas, anúncios e festas. E, além de quilómetros de chariots e prateleiras pejados de roupa, sapatos e acessórios, alberga o atelier da figurinista Maria Gonzaga e tem uma mestra das costureiras – Dona Lurdes! – que começou aos 15 anos, no Anahory.